Dentro desta perspectiva, creio que é necessário também vencer a compreensão distorcida do “ecumenismo” que impede, muitas vezes, de ensinar os fiéis católicos a distinguirem a diferença entre a Doutrina da Fé Cristã, o “Depositum Fidei” ou “Regula Fidei”, das múltiplas denominações cristãs que se servem da Bíblia e de algumas das verdades de Fé. Coloca-se a questão da “identidade católica” que precisa ser bem definida em meio à constante tentação do relativismo. Numa realidade permeada pelo secularismo e o naterialismo, mas também pela fome de espiritualidade verdadeira, de vida no Espírito, precisamos saber conduzir os fiéis a uma verdadeira vida espiritual que considere os “Novíssimos do Homem” e a Escatologia Cristã (GS 18).
É relevante lembrar que a Igreja não é ONG (no dizer do Papa Francisco) e, por isso, deve ser Igreja da acolhida e da missão, mas antes de tudo deve ser Igreja de Jesus Cristo. É relevante lembrar que não se começa a ser cristão por tradição recebida ou por decisão ética, mas através do encontro com o mistério de Jesus Cristo (DCE 2). É aí que está a força da Igreja. E nesta linha temos: o Documento de Aparecida, que propõe a missão numa visão cristológica; o Documento 109 – Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora 2019-2023, cujo Capítulo I trata do Anúncio do Evangelho de Jesus Cristo; e o Subsídio Doutrinal nº 12 – Fé cristã e opção preferencial pelos pobres.
No que diz respeito à identidade da Igreja devemos saber relacionar corretamente Jesus, Reino e Igreja, realidades que não se podem separar. A descrença nas instituições leva frequentemente a menosprezar a Igreja e a Tradição focando só no Reino. E assim se multiplicam os cristãos sem Igreja, com diminuição do sentimento de pertença à Igreja Particular, focados somente no Reino que é “absoluto”, mas tem na Igreja as suas sementes.
A pandemia nos colocou grandes desafios: a sociedade tem de ser mais solidária; temos de ter mais cuidado uns com os outros e com a natureza; a tecnologia não nos pode desumanizar, mas deve ser humanizada; combater o mundo da “pós-verdade”. Porém, nenhum desafio para nós é maior do que manter a comunidade de fé como Igreja, unida e reunida. O encontro pessoal com o Senhor e a comunhão com os irmãos e irmãs são essenciais para a vida de fé, por isso, a presencialidade é insubstituível.