Aproxima-se a 9ª edição do Mashariki African Film Festival, o maior festival de cinema do Ruanda. Sobre a origem, natureza e importância deste Festival, falou recentemente com a Rádio Vaticano, Guido Convents, estudioso de cinema africano.
Dulce Araújo – Vatican News
Quando se pensa no Ruanda e o cinema, pensa-se em filmes como “Hotel Ruanda” ou outros sobre o genocídio, mas na realidade, esses filmes constituíram, de certo modo, um incentivo para os ruandeses se lançarem no desenvolvimento do seu próprio cinema e darem a sua visão do mundo e do seu próprio país.
Mashariki African Film Festival, cuja 9ª edição terá lugar em Kigali de 23 e novembro a 1 de dezembro de 2023, inscreve-se, segundo Guido Convents, nesta linha. E conforme reza o próprio site do Festival, foi criado em resposta à crescente sede de cinema no Ruanda e para favorecer uma maior ligação do país com o resto da África e com a diáspora através do cinema.
Antropólogo, historiador, autor de vários livros sobre o cinema em África, Guido Convents, está ligado ao Mashariki African Film Festival de modo particular no concernente à formação dos jovens e a uma espécie de geminação entre esse festival do Ruanda e o “Afrika Film Festival” que, desde há anos, ele leva avante em Lovaino, na Bélgica, para dar a conhecer a África aos belgas através do cinema e da visão dos próprios africanos.
O impacto deste festival é visível, embora seja hoje necessário – afirma – um suplemento de vontade no sentido de o país ter em conta a narrativa cinematográfica dos afro-belgas e afro-europeus em geral.
A 28ª edição deste ano 2023 do Festival, realizado entre abril e maio, pôs em realce o cineasta Welket Bungué, da Guiné-Bissau, uma forma também de dar a conhecer o cinema dos PALOP, onde – frisa Guido – estão a despontar jovens cineastas promissores.
Responsável, ao longo de muitos anos, pelo sector do cinema na SIGNIS, Associação Católica Internacional de Comunicação, Guido Convents narra nessa mesma entrevista como nasceu o seu apego ao cinema africano, um trajeto que passou primeiro pela OCIC (Organização Católica Internacional de Cinema) nos anos 50/60, pelas publicações do Professor Victor Bachy sobre o cinema em África narrado pelos próprios africanos e finalmente pela SIGNIS e muito para além dela.
Confira tudo nesta ampla entrevista (realizada a 6 de junho de 2023) e saiba mais sobre esta complexa temática e o porquê do interesse duma organização católica de comunicação pelo cinema africano: