Nos últimos dias morreram 13 irmãs do Instituto Palazzolo de Bérgamo por causa do Coronavírus. Na manhã de quarta-feira (25), o Papa rezou por elas durante a Missa na Santa Marta. O testemunho de irmã Carla Fiori e os religiosos que não venceram o vírus
Cecilia Seppia – Cidade do Vaticano
Na região de Bérgamo, uma das cidades mais atingidas pelo coronavírus, e que ainda é considerada de alta periculosidade de contágio, muitas consagradas estão dando a própria vida para cuidar dos doentes. Porém, muitas delas ficam contagiadas, doentes e morrem sem patologias pregressas; outras como irmã Carla Fiori, são obrigadas a quarentena depois do contágio, mas o pensamento fixo é o de voltar para o hospital, porque é ali, no meio do sofrimento, que se realiza a sua missão. Irmã Carla Fiori é responsável provincial para as comunidades da Itália do Instituto das Irmãs das Pobrezinhas, e desde que explodiu a epidemia, junto com suas coirmãs revolucionaram suas jornadas e os setores das Clínicas administradas por elas. As irmãs estabeleceram uma estreita colaboração com o hospital Papa João XXIII, o principal de Bérgamo, onde não há mais vagas na terapia intensiva e médicos e enfermeiros estão exaustos. Convencida de que é preciso mãos e coração para ajudar as pessoas, mas também fundos e instrumentos para garantir os tratamentos necessários, irmã Carla relançou o projeto “Com o coração largo. Emergência Coronavírus” que servirá para comprar maquinários e equipamentos de proteção para os profissionais da saúde.
A religiosa nos confirma que “neste tempo dramático estamos sofrendo muito, perdemos muitos idosos, e nos deixaram 13 irmãs, não todas envolvidas na assistência direta aos doentes, mas em particular, com muita tristeza, faleceu uma nossa irmã ontem…
Na manhã de quarta-feira (25) o Papa rezou pelas irmãs que oferecem a própria vida pelo cuidado e a assistência dos doentes de Covid-19, vocês estão nas orações de Francisco.
Irmã Carla: Sim e agradecemos muito. Perdemos várias irmãs como disse acima, mas de modo particular gostaria de recordar irmã Constantina Ranioli, uma irmã enfermeira muito conhecida e amada no Hospital de Bérgamo que ontem foi para o Paraíso. Era uma ótima enfermeira, apaixonada pelo seu trabalho, sempre alegre e positiva, recordamos dela com muito afeto. Infelizmente lutou um mês, mas não conseguiu. Portanto é um momento difícil mesmo se continuamos com a força do carisma, a força da nossa missão evangélica acolhendo e cuidando dos doentes com todo o coração.
Irmã, há uma história, um episódio ou simplesmente um rosto que nestes dias de muita dor ficou particularmente marcado na sua memória?
Irmã Carla: Bem, eu gostaria de recordar do padre Fausto Remini que era o capelão do cárcere de Bérgamo, e faleceu dia 23 de março. Fiquei impressionada pois foi um dos que nunca deixou de ajudar. Sempre ficou perto dos encarcerados, os sem-teto que neste tempo de isolamento não tinham onde ficar. Quando ficou doente dizia que estava cansado, sentia-se cansado, mas satisfeito por ter estado próximos dos pobres. Não conseguiu vencer o vírus, mesmo não sendo muito idoso, tinha apenas 67 anos, era realmente um padre dos pobres, dos últimos, e o seu exemplo para nós é realmente muito forte.