Burkina Faso. Dom Ouédraogo: “Partir já não é uma escolha, mas uma necessidade”

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“Hoje vemos que ficar ou partir já não é uma escolha, sobretudo partir, que se tornou uma obrigação”, constatou Dom Joachim Hermenegilde Ouédraogo, Bispo de Koudougou e Presidente da Comissão Episcopal para a Pastoral dos Migrantes e Refugiados de Burkina Faso e Níger, por ocasião do 109º Dia Mundial dos Migrantes e dos Refugiados.

Cidade do Vaticano

No Burkina Faso é a quinta vez que o evento é celebrado, este ano na Paróquia de Saint Jean-Marie Vianney de Tampouy, em Ouagadougou.

“A emigração deve ser uma escolha livre. A pessoa deve poder escolher entre sair ou ficar porque a terra é de todos e lá onde cada se encontra, aí é a sua lar. Portanto, posso escolher livremente de ir para outro País ou optar por permanecer no meu território”, disse Dom Ouédraogo.

O Bispo de Koudougou acrescentou em seguida que “vemos que ficar ou partir já não é uma escolha, sobretudo partir, que se tornou uma obrigação”. “Mulheres e homens obrigados a partir porque vivem em situações que não lhes permitem prosperar no seu território”, sublinhou o prelado, referindo-se aos numerosos deslocados internos no Burkina Faso, obrigados a fugir das próprias casas devido à violência dos grupos jihadistas que cometem seus ataques não só no Burkina Faso, mas também noutros Países do Sahel.

Dom Ouédraogo, na sua homilia, convidou os fiéis católicos a serem construtores da paz, a viverem juntos e a demonstrar a sua solidariedade com as pessoas em dificuldade. Para o efeito, foi organizada uma refeição comunitária e a distribuição de comida consistente em sacos de arroz no valor de dois milhões de francos CFA, para apoiar 100 famílias de deslocados internos.

Segundo os dados mais recentes do Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação Humanitária, um cidadão do Burkina Faso em cada 5, ou seja 4,7 milhões de pessoas, precisa de assistência humanitária. Os deslocados internos são 2 milhões aproximadamente, 52% dos quais crianças. Um milhão de alunos estão afetados pelo encerramento das escolas. A maior parte das pessoas deslocadas vem das regiões do Sahel, Centro-Norte e Norte. Transferiram-se para as cidades fronteiriças mais seguras, mas muitas vezes vivem em grande precariedade. Apesar desta situação, o Burkina Faso abriu as suas portas a mais de 36.000 refugiados, vindos principalmente do Mali – com a Agência Fides.

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