O Espírito Santo e o Sínodo

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Sendo guiada pelo Espírito Santo, a vivência de uma Igreja sinodal, uma igreja que faz um caminho em conjunto, pastores e povo de Deus, funda a sua dignidade comum no batismo, fazendo com que as pessoas que o recebam, tornam-se filhos e filhas de Deus,.

Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá – PA.

O Papa Francisco colocou o Sínodo dos bispos 2023-2024 sob o selo do Espírito Santo, porque Ele é o protagonista do mesmo[1], fazendo com que a vida familiar, eclesial e social transcorra bem conforme o plano do Senhor. Ele pediu para que todas as pessoas suplicassem as luzes do Espírito Santo para o bom êxito do Sínodo. De fato, o Espírito Santo, no seu protagonista, Ele renova todas as coisas em Cristo Jesus. Ele reúne as pessoas e os fiéis para que vivam o evangelho de Jesus no mundo de hoje, marcado muitas vezes por discórdias e desuniões. Jesus disse aos seus discípulos que o Espírito Santo guiará a eles à plena verdade (Jo 16,13), no caso Jesus, a verdade divina e humana. “O Espírito por natureza é bom, como bom é o Pai, e bom é o Filho. A criatura, porém, optando pelo bem, participa daquela bondade”[2]. A Igreja é chamada a viver a graça do Sínodo, iluminada pelo Espírito Santo, dom de Deus para toda a humanidade.

O batismo, a dignidade de filhos e de filhas de Deus

Sendo guiada pelo Espírito Santo, a vivência de uma Igreja sinodal, uma igreja que faz um caminho em conjunto, pastores e povo de Deus, funda a sua dignidade comum no batismo, fazendo com que as pessoas que o recebam, tornam-se filhos e filhas de Deus, como membros desta grande família, sendo irmãos e irmãs em Cristo Jesus, habitados pelo mesmo Espírito e enviados para um cumprimento da mesma missão. Desta forma o batismo cria em cada membro da Igreja, a corresponsabilidade nos diversos membros da Igreja, que se dá pela participação de todos, cada um com os seus carismas, na missão da Igreja e na edificação da comunidade eclesial[3].

O exercício da autoridade

O Espírito Santo ilumina as pessoas, os seus ministros em vista do bom serviço, para que o exercício da autoridade seja apreciado como um dom de Deus, em vista da doação, do bem comum de todas as pessoas, sendo chamados de diaconia, ministério pela Sagrada Escritura (LG 24), seguindo o modelo de Jesus que veio não para ser servido, mas para servir (Mt 17,28). Ele se abaixou para lavar os pés de seus discípulos[4], como verdadeiro Mestre e Senhor (Jo 13,13-15). Assim a autoridade é vista como graça de Deus e também responsabilidade humana, em vista sempre do serviço e do amor.

Uma Igreja humilde

O Espírito Santo ilumina a vida eclesial para que os seus membros sejam humildes, escutem as pessoas, vivam bem a sua missão na família, na comunidade e na sociedade. O caminho sinodal exige, portanto a atitude de quem supera a arrogância nas coisas, a supremacia em tudo, em vista da vivência da humildade. Os abusos de poder, do uso do dinheiro da comunidade levam a falta de credibilidade. O rosto da Igreja, em unidade com o Senhor, com o seu Espírito é de renovação(LG, 9), de arrependimento em vista da reconciliação e do amor[5].

O colóquio em vista de uma Igreja sinodal

Sendo o Espírito Santo, o principio da unidade da Igreja (UR 2) será relevante o colóquio com outras Igrejas e Comunidades Eclesiais para trilhar um caminho de vida comum para todas as pessoas a partir do Evangelho de Jesus. Será também relevante o colóquio com outras religiões[6], em vista da variedade e a unidade das idéias e pensamentos para ações em conjunto que levem a glorificar a Deus Uno eTrino.

As tensões em vista de sua administração

Uma Igreja sinodal é chamada administrar as tensões entre a comunhão, a participação e a missão para que sejam bem vividas na sua concretude. A sinodalidade é um caminho de conversão porque busca a Igreja pela reconciliação, acolhe as diferenças e redime as divisões. A Igreja pro sua vocação busca em Cristo Jesus a unidade do gênero humano (LG 1)[7].

Uma Igreja sinodal em colóquio com o Espírito Santo

O Espírito Santo ilumina a vida das pessoas e dos povos em vista da unidade com o Senhor Jesus e com o Pai. Ele faz a Igreja caminhar em fraternidade. O colóquio é a atitude de familiaridade, aproximação de uns com os outros. O Espírito ilumina as pessoas para agir para o bem, para ações concretas no amor[8]. Sendo o Espírito o protagonista do processo sinodal faz a Palavra e o Pão tornarem-se uma realidade atualizada pela qual o Senhor se faz presente e ativo na vida da Igreja. Cristo Jesus envia a todos para a missão e reúne as pessoas para dar glórias ao Pai no Espírito[9].

O Espírito Santo ilumina as mentes e os corações dos participantes do Sínodo para que vivam o amor de Deus, ao próximo como a si mesmos. O Sínodo é uma graça de Deus para toda a Igreja que se coloca na atitude de ouvir o Espírito, as indagações da realidade, a necessidade de fazer um caminho em conjunto em vista da paz e do amor nas famílias, nas comunidades, paróquias, dioceses, mundo inteiro.

 

[1] Cfr. Francisco. Momento de reflexão para o início do trajeto sinodal, 9 de outubro de 2021. In: XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos.  Instrumentum Laboris, Sínodo 2021, 2024. Por uma Igreja sinodal, Comunhão, Participação e missão, n. 17.

[2] Tratado sobre o Espírito Santo, 56. In: Basílio de Cesaréia. São Paulo: Paulus, 1998, pg. 158.

[3] Cfr. Instrumentum Laboris, n. 20.

[4] Cfr. Ibidem, n. 21.

[5] Cfr. Ibidem, ns. 22-23.

[6] Cfr. Ibidem, ns 24-25.

[7] Cfr. Ibidem, n. 28.

[8] Cfr. Ibidem, n. 33.

[9] Cfr. Ibidem, n. 34.

Fonte

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