Sínodo: participação, responsabilidade e autoridade, propostas concretas para avançar

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No dia 18 de outubro, a primeira sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade entrou em seu quarto Módulo, que aborda o tema “Participação, responsabilidade e autoridade”, refletindo sobre os processos, as estruturas e as instituições necessárias em uma Igreja sinodal missionária.

Padre Modino – Regional Norte 1 da CNBB

A Basílica de São Pedro foi palco nesta quarta-feira de uma celebração, uma missa presidida por dom Gintaras Grušas, arcebispo de Vilnius (Lituânia) e presidente do Conselho das Conferências Episcopais Europeias.

O Espírito Santo é o protagonista do crescimento da Igreja

Em sua homilia, ele começou destacando a mentalidade sinodal da vida e obra de Lucas, a quem definiu como fiel, algo que desafia “a permanecermos fiéis em nosso compromisso de caminhar juntos na vida da Igreja”. Da mesma forma, o evangelista mariano por excelência, “frequentemente enfatiza o relevante papel das mulheres na vida da Igreja e na proclamação da Boa Nova”, e “as características do coração de Jesus, que nos revela a imensidão da misericórdia divina de Deus”, de acordo com Dom Grusas.

Para o arcebispo lituano, nos escritos de Lucas “o Espírito Santo é o protagonista na vida e no crescimento da Igreja, como deve ser na direção de nosso processo sinodal”. Analisando o texto do Evangelho do dia, destacou que “na proclamação do Reino, a igualdade de todos os batizados vem à tona”, refletindo sobre as instruções de Jesus aos discípulos. Finalmente, ele insistiu que “a sinodalidade, incluindo suas estruturas e reuniões, deve estar a serviço da missão evangelizadora da Igreja e não se tornar um fim em si mesma”.

Devolvendo os frutos da Assembleia Sinodal à Igreja

O cardeal Hollerich, relator geral do Sínodo, já na Sala do Sínodo, pediu para devolver às Igrejas locais os frutos do trabalho, reunidos no Relatório de Síntese, e para reunir os elementos para concluir o discernimento no próximo ano, carregado de uma consciência mais clara do Povo de Deus sobre o que significa ser uma Igreja sinodal e os passos a serem dados para sê-lo. Isso se deve ao fato de que nossa Igreja “não é muito sinodal” e muitos “sentem que sua opinião não conta e que alguns ou uma única pessoa decide tudo”.

O arcebispo de Luxemburgo analisou as cinco planilhas do Módulo, insistindo que “essas são questões delicadas, que exigem um discernimento cuidadoso”, “porque tocam a vida concreta da Igreja e o dinamismo do crescimento da tradição”. Para dar continuidade, ele fez um apelo à participação, alertando que “a concretude também implica o risco de dispersão em detalhes, anedotas, casos particulares”. Tudo isso para “chegar a expressar convergências, divergências, questões a serem exploradas e propostas concretas para avançar”.

O Concílio de Jerusalém e o Sínodo

A passagem que narra o Concílio de Jerusalém foi fonte de inspiração para o padre Timothy Radcliffe em sua reflexão espiritual, “chamado a enfrentar a primeira grande crise da Igreja depois de Pentecostes”. Uma Igreja profundamente dividida, em uma crise de identidade. Comparando o que experimentou lá com o Sínodo, ele mostrou que o Espírito nos reúne “para descobrir a paz entre nós e para sermos enviados a proclamá-la ao nosso pobre mundo, crucificado por uma violência cada vez maior”.

De acordo com o frade dominicano, “se nos reunirmos no nome forte da Trindade, a Igreja será renovada, embora talvez de maneiras que não sejam imediatamente óbvias”. A partir daí, ele falou de uma Igreja “na qual as mulheres já estão assumindo responsabilidades e renovando nossa teologia e nossa espiritualidade”, onde “os jovens de todo o mundo, como vimos em Lisboa, estão nos levando em novas direções, em direção ao Continente Digital”. Isso porque “a história da Igreja é uma história de criatividade institucional sem fim”, questionando: “O que está acontecendo com a voz profética das mulheres, que muitas vezes ainda são consideradas ‘hóspedes em sua própria lar’?”.

Dignidade dos batizados antes das funções

A introdução do campo da teologia foi feita por Dario Vitali, que começou com a afirmação da Lumen Gentium, que define a Igreja como “sinal e instrumento da íntima união com Deus e da unidade do gênero humano”, enfatizando que “a primeira participação enfatizada pelo Concílio Vaticano II não é, de fato, a dos indivíduos, mas a de toda a Igreja, o Povo de Deus a caminho da realização do Reino”, refletindo sobre a importância de uma Igreja “sinal e instrumento da paz entre os povos”. Uma Igreja que quer ser um sacramento universal de salvação, de unidade salvífica.

Analisando a eclesiologia do Vaticano II, lembrou que “antes das funções está a dignidade dos batizados; antes das diferenças, que estabelecem hierarquias, está a igualdade dos filhos de Deus”. Uma reflexão que leva ao entendimento de que “colocar o sacerdócio comum antes do sacerdócio ministerial significa romper uma relação assimétrica de autoridade-obediência que estruturou a Igreja piramidal”, defendendo a complementaridade e os ministros ordenados “a serviço do povo santo de Deus, que finalmente volta a ser o sujeito ativo da vida eclesial”.

A partir daí, ele definiu a sinodalidade como “a própria communio da Igreja como o povo santo de Deus”. Daí a importância deste Módulo B3, “que mostra o caminho para iniciar a renovação de processos, estruturas e instituições em uma Igreja sinodal missionária”, em uma unidade dinâmica. Um processo que Vitali define como de saída e de entrada, afirmando que “não há contradição entre a dimensão sinodal e a dimensão hierárquica da Igreja: uma garante a outra e vice-versa”. Portanto, enfatizou o teólogo italiano, “o Sínodo é o ‘lugar’ e o ‘espaço’ privilegiados para o exercício da sinodalidade”. Por essa razão, ele pediu uma reforma teológica, para repensar a Igreja em chave sinodal, e uma reforma institucional, para garantir o exercício da sinodalidade, pensando – com paciência e prudência – nas reformas institucionais e decisórias necessárias.

Experiências de sinodalidade

Por fim, a Assembleia ouviu três testemunhos. Dom Alexandre Joly, bispo de Troyes (França), que começou contando as dificuldades financeiras que enfrentou quando foi nomeado bispo, o que exigiu uma decisão sobre os bens imobiliários da diocese, algo que o levou a tomar uma decisão conjunta, levando em conta a dimensão pastoral e econômica e o inevitável realismo da situação imobiliária. Ele fez isso primeiro com um grupo de especialistas e depois convidando todos os cristãos da diocese a participar. Isso “tornou possível destacar prioridades, expectativas e um projeto pastoral concreto e empolgante”. Ele também compartilhou as reações à consulta sobre o novo vigário geral a ser eleito, que, dado o fato de não ser permitido pelo direito canônico ser diácono ou leigo, criou a figura de “um delegado geral”, cargo que coube a uma mulher, que com o bispo e o vigário geral forma o trio executivo, que “traz uma perspectiva muito positiva para a gestão da diocese”.

Seguiu-se o testemunho de dom Shane Anthony Mackinlay, bispo de Sandhurst (Austrália), que apresentou a experiência do V Conselho Plenário da Austrália realizado ao longo de quatro anos, de 2018 a 2022, que ele diz ter visto como um Sínodo, que começou com uma consulta muito ampla, que deu lugar à elaboração, discussão e tomada de decisão guiada pelo discernimento e conversas no Espírito. Uma experiência que passou por um momento de crise, que viu as pessoas começarem a falar “muito mais com o coração”, um discurso que “foi recebido com uma qualidade diferente de escuta”, insistiu o bispo, que observou que agora é hora de a Austrália começar a implementar os decretos, para entender que a sinodalidade é “a maneira normal de abordar discussões e tomada de decisões compartilhadas em todas as nossas atividades”.

Por fim, a leiga filipina Estela Padilla, secretária executiva do Escritório de Assuntos Teológicos da Federação das Conferências Episcopais Asiáticas (FABC), mostrou, como leiga, o caminho asiático para a liderança sinodal a partir de três pontos: a autoridade está enraizada no respeito; a governança significa ser guiado pelo Espírito; e a participação é uma tarefa profética. A partir daí, ele mostrou o papel da Federação das Conferências Episcopais Asiáticas como um órgão de liderança, um órgão de tomada de decisões, marcado pela inculturação, que é a autorrealização da igreja local. A partir daí, ela enfatizou que o processo sinodal da FABC está enriquecendo o Magistério ou a tradição magisterial da Igreja.

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