Seminário sobre a figura da Mãe de Jesus, para refletir ideias e ações capazes de orientar ao bem-comum da família humana e da Criação. Entrevista com o Gian Matteo Roggio, professor de Mariologia na Pontifícia Faculdade Teológica “Marianum” de Roma
Cidade do Vaticano
O tema central é o Pacto “educativo global”, o encontro promovido pelo Papa Francisco para reavivar o compromisso para e com as gerações jovens que foi adiado, por causa da pandemia, para outubro de 2020. Ao convocar o evento, Francisco manifestara o seu desejo de reconstruir “um pacto educativo global” que eduque à “solidariedade universal” e a “um novo humanismo” para que se possa enfrentar os desafios de um mundo contemporâneo que está em metamorfose contínua, vendo-se agitado por variadas crises. O evento é um convite a todos os que se preocupam com o porvir das novas gerações, principalmente os que ocupam cargos de responsabilidade.
A PAMI, Pontifícia Academia Mariana Internationalis responde ao apelo. É uma instituição científica da Santa Sé dedicada a promover iniciativas que se dedicam ao conhecimento e à veneração da Mãe de Jesus (mariologia), para dar vida, em perspectiva ecumênica, inter-religiosa e intercultural, a processos educativos, lugares e agregações e experiências que recordando o nome de Maria, promovam o desenvolvimento integral da pessoa e sustentabilidade da “lar comum” que é a Criação.
Em uma vídeoconferência foi realizado um seminário inter-disciplinar nas áreas políticas, econômico-educativas e inter-religiosa para explorar o quanto a figura da Mãe de Jesus, do ponto de vista cultural, tenha condições de refletir e relançar estilos, valores, ideias e ações capazes de orientar ao bem-comum da família humana e da Criação – objetivo final do Pacto global da educação – em uma ótica multicultural e inter-religiosa.
O professor Gian Matteo Roggio, missionário de Nossa Senhora da Salete e docente de Mariologia na Pontifícia Faculdade teológica “Marianum” de Roma, nos explica o papel de Maria no amplo projeto educativo global e os objetivos destes estudos.
Como fazer para que o modelo de Maria faça parte ativa da educação global?
Gian Matteo Roggio: Maria pode se tornar parte ativa do “pacto educativo” entre as gerações, se conseguirmos redescobrir as nossas culturas, porque nas nossas culturas a figura de Maria tem uma grande importância, é um modelo no qual podemos achar valores humanos irrenunciáveis. Estes valores são a base de uma verdadeira cidadania, a base de uma verdadeira convivência, dos valores humanos que permitem olhar para o outro não como inimigo, não como antagonista, mas como um irmão e uma irmã. Alguém para nos acompanhar na caminhada, para construir um mundo onde exista espaço para todos. Um mundo que deste ponto de vista, seja realmente uma lar. Por isso, para fazer com que Maria possa ter uma parte ativa na educação global, precisamos reencontrar as nossas culturas, escutar as nossas culturas descobrindo nelas a figura de Maria e os valores que Ela reflete para o bem comum de todos.
Quais são os principais frutos deste seminário no âmbito do grande projeto educativo global?
Prof. Roggio: Acredito que os resultados deste seminário promovido pela Pontifícia Academia Mariana Internationalis seja sobretudo o encontro e a escuta. De fato, foi um encontro de vários grupos de pessoas, com formações e confissões religiosas diferentes por isso teve muito espaço para o colóquio inter-religioso. Portanto um dos primeiros frutos deste seminário é que a educação só é feita com encontro e escuta, todos sempre tem algo a contribuir. Este é o mistério que trazemos conosco: não apenas os que têm fé, mas os que refletem sobre a vida humana. Por isso acredito que o verdadeiro resultado é ter mostrado que se pode achar, se pode dialogar, e graças a este encontro e a este colóquio, pode-se construir juntos algo que não corresponde apenas ao interesse de alguns, mas aos interesses de todos.