Diocese de Nova Friburgo amplia projeto iniciado em Macaé para incluir famílias atípicas na participação ativa nas missas. Movimento surge de Ariana do Sacramento Andrade Valadão, professora e mãe de uma criança atípica e já está sendo levado a outras dioceses no Brasil.
Ricardo Gomes – Diocese de Campos
Um movimento nascido da inquietação do coração de uma mãe que não conseguia mais participar da missa com sua família e acolhido por duas terapeutas que colocaram seus dons à disposição de Deus e abraçaram a sua missão: assim surgiu o Movimento Igreja Inclusiva. Através de muito joelho no chão, entrega e desejo de ser rede apoio e lugar de acolhida para as famílias atípicas.
A diocese de Nova Friburgo lançou o Movimento Igreja Inclusiva, para acolher famílias atípicas e promover um ambiente inclusivo e acessível durante as missas. O movimento começou na capela Santa Cruz, em Macaé (RJ), e agora se expande para outras paróquias da diocese. Em maio de 2023, o padre José Ruy Correa Junior celebrou a primeira missa com adaptações específicas para favorecer a inclusão de pessoas com deficiência na cidade.
Inclusão em foco
Na Diocese de Nova Friburgo o movimento vai promover seminários, debates com formação para sacerdotes e leigos para promover ambiente acolhedor e inclusivo.
A principal missão do Movimento Igreja Inclusiva é acolher todas as famílias, com atenção especial às que têm membros com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e outras deficiências. As missas são cuidadosamente preparadas para garantir a participação de todos, com suporte de servos para garantir a segurança das crianças, espaço físico, som e iluminação ajustados para evitar sobrecarga sensorial.
Da experiência familiar ao Projeto Comunitário
A coordenação do movimento está a cargo de Ariana do Sacramento Andrade Valadão, professora e mãe de uma criança atípica que se via impossibilitada de participar da santa missa com sua família. Ela conta com o apoio de Michelle Lima Bastos Moreira, terapeuta ocupacional, e Morgana Junger Freitas de Menezes, psicopedagoga. As três aceitaram o desafio de promover a inclusão na Igreja, percebendo a necessidade de criar um trabalho pastoral que acolhesse adequadamente as famílias atípicas formadas com pessoas com deficiência.
Ariana percebeu a necessidade de promover na sua paroquia um trabalho pastoral para acolher as famílias atípicas com uma missa que pudesse acolher adequadamente de acordo com as necessidades de cada criança.
Tudo iniciou com o diagnóstico do filho Pedro, 8 anos, autista não verbal, nível 3 de suporte e as dificuldades em participar das missas em família. Ariana e esposo tinham uma vida pastoral e por conta do comportamento do filho perceberam a necessidade de buscar uma saída. Daí surge o Movimento Igreja Inclusiva.
“Começamos a ficar tristes por não poder estar na igreja em família e contamos ao sacerdote. Assim nasceu o movimento com as nossas missas adaptadas; primeiro suprimimos a segunda leitura e a missa fica um pouco mais rápida com a homilia mais breve direcionada aos pais. A música com um som mais baixo e as luzes mais ambiente. Temos um espaço externo e uma equipe que dão todo o suporte para as crianças. Espaço externo seguro com portão fechado para evitar que as crianças saiam. A criança autista não tem noção do perigo”, relata Ariana.
Acolhimento a todos
O movimento não se limita a dar suporte às pessoas autistas ou às suas famílias, mas também acolhe aquelas com outras deficiências e transtornos e seu núcleo familiar, que por barreiras físicas, sensoriais e/ou sociais se sentem impedidas de participar da Santa Missa convencional. Busca garantir um espaço seguro e acolhedor a todos. As organizadoras estão trabalhando para expandir o projeto a diversas paróquias proporcionando uma comunidade mais inclusiva e respeitosa com ações, além da missa, formações às pastorais, momentos de espiritualidade com adoração, espaço de confissão com suporte às crianças, pregações para as famílias e servos do movimento e orientações específicas aos padres.