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Este Jubileu, como vejo, é uma oportunidade para trazer à luz realidades muitas vezes invisibilizadas. O Papa nos convida a olhar para os idosos, os migrantes, os jovens, os encarcerados e tantos outros que vivem à margem das estruturas sociais.
*Padre Justino Rezende
O Jubileu de 2025, convocado pelo Papa Francisco, é um momento de profunda reflexão e renovação para nós, cristãos católicos. Em tempos de tantas transformações sociais, culturais e econômicas, a esperança se torna uma virtude indispensável. Contudo, vivemos em um mundo que, frequentemente, se perde na materialidade, fragilizando as espiritualidades e deixando à margem aqueles que mais necessitam de atenção.
Este Jubileu, como vejo, é uma oportunidade para trazer à luz realidades muitas vezes invisibilizadas. O Papa nos convida a olhar para os idosos, os migrantes, os jovens, os encarcerados e tantos outros que vivem à margem das estruturas sociais. Não se trata apenas de olhar, mas de agir, de nos aproximarmos dessas pessoas e comunidades com o coração aberto, prontos para aprender com elas.
Como cristãos, somos chamados a assumir concretamente o magistério do Papa Francisco, que nos orienta a sermos uma Igreja em saída. Não podemos nos limitar a grandes santuários ou templos, mas precisamos ir ao encontro das comunidades simples, muitas vezes distantes dos centros paroquiais. É nesses lugares, onde a fé é vivida de maneira tão genuína, que aprendemos o verdadeiro significado da esperança e da resiliência.
Os povos indígenas, por exemplo, nos ensinam que a esperança não é passiva, mas uma força criativa que supera as adversidades. Eles vivem sua fé e sua cultura em harmonia, mesmo diante de ameaças constantes. Isso nos inspira a transformar cada capela, centro comunitário ou lar ritual em espaços de peregrinação e vivência do Jubileu.
O Jubileu de 2025 não pode ser apenas um evento simbólico. Ele deve se traduzir em atitudes concretas de comunhão, participação e organização. É um momento de encarnar a esperança e a felicidade do Evangelho em nossas ações, especialmente junto aos mais humildes e distantes.
Que este Jubileu nos inspire a viver a fé com autenticidade, aprendendo com as comunidades mais simples como Deus se faz presente em meio à diversidade e aos desafios. Afinal, a verdadeira esperança não é um sentimento vazio, mas um compromisso com a vida e com o amor ao próximo.
*Nascido na aldeia Onça-Igarapé, no Alto Rio Negro, em São Gabriel da Cachoeira, Amazonas, Justino Rezende é o primeiro padre indígena da etnia Tuyuka e membro do povo Utãpinopona. Padre salesiano e defensor do colóquio intercultural, ele atua na evangelização e no fortalecimento das tradições indígenas, incluindo práticas culturais e medicinais.

