Num momento crítico para o porvir da Guiné-Bissau, a Igreja Católica convocou um Dia de Jejum e Oração para o dia 4 de novembro de 2024, com o lema “A verdade vos libertará” (Jo 8,32), sublinhando que esta jornada de reflexão e fé não é contra ninguém, mas sim um chamado à união e à metamorfose espiritual do país.
Por Casimiro Jorge Cajucam – Rádio Sol Mansi, Bissau
A iniciativa surge em meio a uma crise nacional, marcada pela fuga de jovens para a Europa, o declínio da fraternidade, desavenças entre atores políticos, crises em setores vitais e a má gestão dos bens comuns. A Igreja destaca a verdade como o caminho essencial para superar os desafios sociais, políticos e económicos que afligem a Guiné-Bissau.
Em entrevista à Rádio Vaticano, o administrador diocesano da Diocese de Bafatá garante que esta não é uma ação de greve ou manifestação, mas sim uma ação principalmente espiritual, convidando todos os fiéis católicos e não católicos a procurarem o caminho da verdade, justiça, solidariedade e fraternidade.
“Estamos em comunhão com o Papa Francisco, que sempre nos convida a momentos de jejum e oração pela paz e pelo bem. Achamos oportuno convidar também os fiéis da Guiné-Bissau para este momento de jejum e reflexão pelo bem da nação”, explica o administrador diocesano da Diocese de Bafatá.
O padre Lucio Brentegani disse que, nos últimos tempos, a Igreja Católica foi solicitada em diversas situações para intervir nos problemas da Guiné-Bissau.
“Fizemos um caminho que quero chamar de caminho sinodal, de escuta e atenção aos pobres, que são os que mais sofrem com a má gestão dos bens comuns e com as dificuldades que o país enfrenta.”
“Juntando as duas dioceses com os dois colégios de consultores, tivemos a possibilidade de refletir juntos e chegamos a esta proposta de um dia de oração e jejum pela Guiné-Bissau”, enfatiza o sacerdote.
A Igreja incentiva ainda atos de solidariedade, pedindo que cada cidadão ajude os mais necessitados. Escolas católicas estarão fechadas para que alunos e professores possam participar plenamente nas atividades.
A Rádio Sol Mansi, emissora da Igreja Católica da Guiné-Bissau, transmitirá uma programação especial, unindo a nação e a diáspora.
Reforçando que o Dia de Jejum e Oração é um gesto de esperança e não de confronto, a Igreja apela ao valor da verdade como pilar da reconstrução da Guiné-Bissau, acreditando que, somente com transparência e união, será possível superar as dificuldades.
“Diante do crescente desespero, especialmente entre os jovens, a proposta busca mobilizar os fiéis católicos e cidadãos de todas as crenças em uma jornada de renovação espiritual, convidando também a comunidade internacional a se sensibilizar com a situação do país. O jejum, como símbolo de sacrifício e solidariedade, e a oração coletiva — com celebrações nas catedrais e em todas as paróquias de Bissau e Bafatá — são gestos de clamor por paz, justiça e reconciliação”, explica a Igreja Católica da Guiné-Bissau, conforme consta em carta assinada pelo Bispo da Diocese de Bissau, Dom José Lampra Cá, e pelo administrador diocesano da Diocese de Bafatá, padre Lucio Brentegani.
O Dia de Jejum e Oração pela Guiné-Bissau é uma oportunidade para nos colocarmos em escuta de Deus. É um momento de parar, refletir e converter os corações, reconhecendo a necessidade de purificação espiritual e reconciliação fraterna.