Iêmen, alerta da ONU: mais de 2 milhões de crianças desnutridas

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As Nações Unidas denunciam o agravamento de uma das piores e mais prolongadas crises humanitárias em todo o mundo.

Giada Aquilino – Vatican News

A situação das crianças no Iêmen parece cada vez mais um massacre anunciado. A ONU não mede palavras para lançar mais uma vez o alarme: a situação humanitária está se agravando e metade das crianças do país, cerca de 2,3 milhões, “estão desnutridas: 600 mil delas em estado grave”. Foi o que explicou o vice-porta-voz Farhan Haq, em um encontro com a mídia em Nova York, ao falar sobre o que a própria ONU definiu como uma das piores crises humanitárias “prolongadas” do mundo. A agravar os socorros à população — que desde 2014 sofre com as consequências de um conflito sangrento entre os houthis, que em um jogo de influências regionais, principalmente do Irã, controlam a capital Sana’a e grande parte das regiões centro-norte, e as forças pró-governo, apoiadas por uma coalizão militar liderada pela Arábia Saudita — são também os cortes nos financiamentos para a ajuda internacional.

Em meio à polêmica em torno das decisões do governo de Donald Trump, o plano de apoio ao Iêmen foi financiado em apenas 9%, menos da metade das contribuições recebidas em 2024 nesta mesma época do ano, estimou Haq, reiterando o que havia sido destacado algumas horas antes pelo chefe de operações humanitárias da ONU, Tom Fletcher: com a queda nas contribuições dos países doadores, “não temos tempo nem recursos”, disse Fletcher, informando que os programas nutricionais que atendiam 350 mil crianças e mães já foram encerrados nas áreas controladas pelos houthis e 400 centros de saúde, incluindo 64 hospitais, terão que encerrar suas atividades em breve, “com impacto sobre 7 milhões de pessoas”.

As tensões entre Israel e os houthis

À preocupação com o agravamento da crise humanitária, soma-se também a “escalada perigosa” entre Israel e os houthis, declarou o enviado especial da ONU para o Iêmen: Hans Grundberg saudou o recente acordo de cessar-fogo entre os militantes e os Estados Unidos, definido como “uma necessária e relevante distensão no Mar Vermelho”, onde, após 7 de outubro de 2023, se multiplicaram os ataques dos houthis a navios considerados ligados a Israel, em solidariedade com os palestinos de Gaza, e os ataques liderados pelos EUA contra posições das milícias no Iêmen. Mas o funcionário das Nações Unidas lembrou, ao mesmo tempo, que o país continua “preso em tensões regionais mais amplas”. Atritos que, continuou ele, levaram ao ataque lançado pelos militantes em 4 de maio “contra o aeroporto Ben Gurion” de Tel Aviv e aos “ataques israelenses subsequentes contra o porto de Hodeida, o aeroporto de Sana’a e outros locais”. E as ameaças e operações bélicas, constatou, “continuam”. O próprio Trump, por outro lado, advertiu que os Estados Unidos estão prontos para “retomar sua ofensiva” contra os houthis caso as milícias continuem seus ataques a partir do Iêmen.

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