No artigo assinado por Pe. Maicon Malarcena, a reflexão para esta quinta-feira, 19 de junho, de Solenidade de Corpus Christi, “um grande convite a tornar-se alimento, a ser pão repartido, a ser vida doada para os outros… O esplendor das procissões, o brilho das vestes, a suntuosidade dos ostensórios não pode ofuscar ou apagar esse tremendo convite de Jesus: «aquele que me recebe como alimento viverá por causa de mim!». Trata-se de se tornar do mesmo alimento de que nos alimentamos!”.
Pe. Maicon André Malacarne*
A solenidade do Corpo e Sangue de Cristo recorda que toda Eucaristia é «minha carne dada para a vida do mundo» (Jo 6,51-58). A natureza da Eucaristia é dom, é saída, é descentralizar. Jesus, rodeado por seus discípulos, formando uma pequena comunidade, entrega-se: «tomai, comei; tomai, bebei… é o meu Corpo, é o meu Sangue»! Nada é retido, tudo é ofertado!
Não se pode perder de vista que uma consequência da Eucaristia é assumir aquilo que sou, minha identidade mais real de Filho, tornando-me «eucarístico», transformando cada gesto e cada palavra em uma escola de fazer irmãos! A missa que celebramos não pode ser reduzida a um gesto ritual, uma obrigação, uma exterioridade, mas deve ser parte da peregrinação rumo a uma vida mais ancorada no amor: «quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele».
A Igreja, comunidade reunida em torno de Jesus, também é consequência da Eucaristia. Tonino Bello escreveu: «O primeiro broto a surgir na árvore da Trindade é a Eucaristia. Quando esse ramo brota, surge a Igreja. A Igreja, então, não é outra coisa senão o Sacramento Eucarístico plenamente desabrochado». E seguiu: «somente se a Eucaristia trabalhar ‘dentro’, é que teremos o direito e a coragem de levá-la ‘fora’».
A solenidade de hoje é um grande convite a tornar-se alimento, a ser pão repartido, a ser vida doada para os outros… O esplendor das procissões, o brilho das vestes, a suntuosidade dos ostensórios não pode ofuscar ou apagar esse tremendo convite de Jesus: «aquele que me recebe como alimento viverá por causa de mim!». Trata-se de se tornar do mesmo alimento de que nos alimentamos!
* professor de Teologia ética e pároco da Paróquia São Cristóvão – diocese de Erexim/RS