Na manhã desta terça-feira (22/07), em Jerusalém, teve lugar a coletiva de imprensa do patriarca latino de Jerusalém, cardeal Pierbattista Pizzaballa, e do patriarca ortodoxo de Jerusalém, Teófilo III, de regresso da visita à comunidade cristã de Gaza após o bombardeamento da igreja católica da Sagrada Família, na quinta-feira passada.
Roberto Cetera – Vatican News
“Gaza: um lugar de devastação, mas também de grande humanidade”. Assim se expressaram o patriarca latino de Jerusalém, cardeal Pierbattista Pizzaballa, e o patriarca ortodoxo de Jerusalém, Teófilo III, na coletiva de imprensa realizada na manhã desta terca-feira, no auditório Notre Dame, em Jerusalém.
A coletiva de imprensa dos dois patriarcas
Os dois patriarcas, ao retornarem da visita pastoral à comunidade cristã de Gaza, atingida na última quinta-feira por um ataque israelense que causou três mortos e dez feridos, se reuniram com a imprensa para relatar os resultados de sua breve viagem. Participaram do encontro mais de cem jornalistas e televisões de todo o mundo, particularmente ansiosos por conhecer a situação atual na Faixa, uma vez que, como é sabido, o governo israelense impediu o acesso da mídia ao enclave palestino.
Teófilo às crianças: “A Igreja permanece ao lado de vocês”
O encontro começou com um breve vídeo que mostrou a situação de destruição e devastação que agora atinge todo o território, seguido pelas introduções dos dois patriarcas. “Gaza é uma terra ferida por uma aflição prolongada e perfurada pelo choro do seu povo”, começou Teófilo. “Entramos como servos do corpo sofredor de Cristo, caminhando entre os feridos, os desalojados, as pessoas em luto e os fiéis que mantêm sua dignidade apesar de estarem em agonia”. Assim, continuou, “apreciamos o testemunho deles, que é ao mesmo tempo de profunda dor, mas também de esperança incomensurável”. O patriarca ortodoxo dirigiu finalmente uma advertência à comunidade internacional, para que levante a voz: “O silêncio diante dos que sofrem é uma traição à própria consciência. E aos poderosos recordamos as palavras do Senhor: ‘Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus’”. Dirigindo-se diretamente às crianças de Gaza, disse: “saibam: a Igreja permanece ao lado de vocês”.
Pizzaballa: “encontrei a dignidade do espírito humano”
O cardeal Pizzaballa, por sua vez, contou alguns momentos da visita: “caminhamos entre a poeira dos escombros, por toda parte, nos pátios, nas ruas e também nos becos. E nas praias vimos milhares de tendas que se tornaram o lar daqueles que perderam tudo. Famílias que perderam a conta dos dias de exílio de suas residências e que não veem um horizonte de retorno. Crianças que falam e brincam sem pestanejar, porque já se acostumaram ao barulho das bombas”. No entanto, ele ressaltou, “encontramos algo mais profundo: a dignidade do espírito humano que se recusa a se abolir. Mães que preparam comida, enfermeiros que cuidam dos feridos com afeto e pessoas de todas as religiões que ainda rezam a Deus, que vê e não esquece”. “Cristo não está ausente de Gaza”, disse ainda Pizzaballa. “Ele está lá crucificado, entre os feridos, sepultado sob os escombros e presente em cada ato de misericórdia, uma vela na escuridão, cada mão estendida para o sofredor”.
“Nossa missão para todos”
O cardeal quis esclarecer que “nossa missão em Gaza não foi para um grupo específico, mas para todos. Nossos hospitais, escolas, abrigos e igrejas são para todos: cristãos, muçulmanos, crentes e não crentes, refugiados e crianças”. E sobre a ajuda, declarou: “não é apenas necessária, é uma questão de vida ou morte. A fome é uma humilhação moralmente inaceitável e injustificável”. Por fim, concluiu renovando “nosso compromisso por uma paz justa, que não apaga as feridas, mas as transforma em sabedoria, e pela busca de uma dignidade incondicional e de um amor que transcende todas as fronteiras”.
As perguntas dos jornalistas
Em seguida, os dois patriarcas responderam a algumas perguntas dos muitos jornalistas presentes. “Hoje Gaza é uma terra sem lei”, denunciou Pizzaballa, dirigindo-se àqueles que lhe perguntaram mais especificamente sobre a situação que pôde observar nos três dias passados na paróquia da Sagrada Família. E, a respeito das 500 toneladas de ajuda anunciadas para ingressar na Faixa, ele esclareceu que “já existe um acordo, fomos autorizados. Mas agora estamos preparando a logística que, como vocês podem imaginar, não é simples. Esperamos poder iniciar a expedição em breve”. “Uma coisa que me impressionou particularmente”, acrescentou aos jornalistas de língua italiana, “é que as pessoas com quem conversei sempre usavam o verbo no presente: ‘Eu tenho uma loja’ ou ‘eu tenho uma lar’, como se quisessem ir além da destruição que os atingiu”.
O patriarca ortodoxo: intensificar a oração e a esperança
O patriarca Teófilo, em entrevista ao jornal “L’Osservatore Romano”, relatou: “Era a primeira vez que entrava em Gaza desde o início da guerra. Vi imagens de profunda tristeza. É preciso intensificar a oração e a esperança para que este acidente termine”.