Mulheres católicas da África – Façamos do mundo um lar mais bonito

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É este um dos pedidos de Evaline Malisa Ntenga, Vice-Presidente da Região de África OMOFC, União Mundial das Organizações das Mulheres Católicas, reunida de 28 de julho a 1 de agosto, na cidade de Entebe, no Uganda, para a Conferência Regional Africana 2025 sobre o tema: “Sustentar a família: o caminho para a felicidade e a santidade.”

Dulce Araújo – Vatican News

Conclui-se no dia 1 de agosto de 2025, no Uganda, a Conferência Regional Africana da UMOFC. O encontro teve lugar no Santuário de Namugongo, para onde mulheres católicas do continente convergiram como “peregrinas da esperança, enraizadas na fé e unidas por uma missão partilhada: sustentar a família, proteger a dignidade humana, proteger a criação e promover a paz” – disse Evaline Malisa Ntenga, ao agradecer a Igreja do Uganda pelas celebrações litúrgicas e por estar com elas no encontro. Um encontro “sob a luminosa proteção de Maria, Mãe de Deus e Rainha da Paz, nossa Padroeira” – disse, definindo a Virgem Maria o “modelo perfeito da feminilidade, discipulado e coragem maternal”, pois que, seguro aos pés da cruz, mostrou-se humilde e poderosa, silenciosa e profética, bondosa e inabalável. “Também nós – afirmou Evaline – “somos chamadas a permanecer firmes na fé, no serviço e na esperança. Maria inspira a nossa caminhada.”

Quanto ao tema do encontro, a Vice-Presidente da UMOFC para a região africana, sublinhou que “convoca o regresso ao âmago da vida familiar, a recuperar o ser pais como vocação sagrada. A família não é apenas a primeira escola de virtudes, é a primeira Igreja. Devemos criar os filhos ancorados na verdade, moldados pela fé e guiados pelo exemplo.”

Sementes de conversão ecológica

Avaline reafirmou também o compromisso da UMOFC/África com a proteção da lar comum, inspiradas na Laudato Si, e disse que como mulheres africanas já estão a lançar sementes de conversão ecológica através da plantação de árvores e da campanha “semear esperança, cuidar do solo e proteger a água”. Mas é preciso mais – salientou, citando o Papa Leão XIV: “Em Cristo também nós somos sementes, sementes de paz e de esperança”. Sementes que florescem através da luta. Crescemos em resiliência. Levamos a esperança onde há desespero – acrescentou ela em concordância com e Pontífice.

Não permanecer em silêncio perante a violência de género

Avaline frisou ainda que não podem permanecer em silêncio perante a violência e a discriminação contra as mulheres. E ilustrou o que estão a fazer:

Através do Observatório Mundial das Mulheres e da nossa rede continental, agora ativa em 22 países, trabalhamos para desmantelar sistemas de opressão e proporcionar às mulheres caminhos para a cura e o empoderamento. Cada vida erguida, cada voz ouvida, cada menina protegida – são vitórias da fé.” 

Por seu lado, a Presidente Geral da UMOFC, Mónica Santamarina recorda quanto revelado pelo Observatório Mundial das Mulheres, ou seja, que quase 67% das 10.680 mulheres africanas inquiridas por esse observatório, sofrem violência estrutural de género, incluindo violência doméstica, económica e discriminação na edução. Em resposta a isso, a UMOFC lançou uma rede continental para combater estas questões. Essa rede envolve gestores comunitários em 22 países, mais de 60 organizações de leigas e religiosas, capacitação e financiamento de projetos e a campanha “Não mais invisível”, com quase 750 embaixadoras de boa vontade em todo o mundo.

Estes esforços – refere Monica Santamarina na sua mensagem à Conferência de Entebe – “visam capacitar mulheres, sensibilizar e partilhar boas práticas, dando esperança e soluções reais para acabar com a violência e a discriminação.”

As mulheres africanas são portadoras de esperança

Para a Presidente da UMOFC, não obstante os enormes desafios que enfrentam como a pobreza, a violência e a degradação ambiental, as mulheres africanas são resilientes, vibrantes e profundamente enraizadas na comunidade. Por conseguinte, considera que “são portadoras de esperança”

Monica Santamarina enalteceu ainda a importância dessa Conferência regional africana, sublinhando que a África, continente de esperança, é dos poucos, onde a Igreja católica está a crescer rapidamente, é cheia de vida e de natureza, mas ainda assim é muito ameaçada pela fome, por guerras, pela exploração desmedida dos seus recursos e pelos efeitos negativos do aquecimento global.

A presidente geral da UMOFC, mostrou na sua mensagem como o tema escolhido para a Conferência Regional Africana “Sustentar a família – o Caminho para a Felicidade e a Santidade”  assim como os subtemas: mulheres guardiãs da Mãe Terra; violência e discriminação contra as mulheres, estão em plena sintonia com as prioridades gerais da UMOFC para o período 2023-2027 que incluem a expansão do referido Observatório Mundial das Mulheres,  a promoção da liberdade religiosa e o colóquio inter-religioso; e responder à insegurança alimentar na linha da Laudato Si. E rematou, afirmando que as famílias não são apenas recetoras pacíficas da fé, mas agentes ativos de evangelização. Cada ato da vida familiar constitui o “Evangelho vivo”. A Igreja deve, portanto, apoiar as famílias monoparentais lideradas por mulheres, através do acompanhamento, da escuta e do apoio comunitário.

Em linha de continuidade com o Concílio Vaticano II

Para além de introduzir a Conferência agradecendo à Igreja pelo acolhimento e acompanhamento, a Vice-Presidente da UMOFC para a África, Avaline Ntenga, fez um discurso de abertura em que pôs em realce o papel desempenhado pelas mulheres católicas no Concílio Vaticano II.

A União Mundial das Organizações de Mulheres Católicas foi a primeira organização a redigir uma petição conciliar durante o Concílio Vaticano II. Serviu de modelo para várias organizações de mulheres que também lançaram petições, tornando assim visíveis as preocupações e os desejos das mulheres nos contextos e redes do Concílio.

Recordou ainda que durante esse período do Concílio, mulheres católicas deslocavam-se a Roma para achar bispos e outros participantes nesse relevante encontro da Igreja e, de facto, “vários bispos consultaram intencionalmente estas mulheres” e houve mulheres que participaram nas subcomissões dos vários capítulos do documento conciliar “Gaudium et Spess” (felicidade e Esperança). Havia também – disse – religiosas e contribuíram para o decreto “Perfectae Caritatis” sobre a vida religiosa.

Redefinição da dignidade da mulher

Na sua petição conciliar, a UMOFC que na altura representava 36 milhões de mulheres católicas, solicitava a redefinição da dignidade da mulher e a sua posição na família, na sociedade e na Igreja – salientou Avaline, acrescentando que o Papa Paulo VI dirigindo às mulheres recordara que elas constituem metade da imensa família humana e que:

 “A Igreja orgulha-se de ter glorificado e libertado a mulher e, ao longo dos séculos, na diversidade das suas caraterísticas, de ter realçado a sua igualdade fundamental com o homem. Mas está a chegar a hora, de facto já chegou, em que a vocação da mulher se realiza na sua plenitude, a hora em que a mulher adquire no mundo uma influência, um efeito e um poder nunca antes alcançados”.

E agora a Igreja sinodal convoca todos como uma só família de Deus, frisou Avaline. Ela disse às suas companheiras da UMOFC/África que como mulheres católicas têm uma tarefa evangélica a cumprir com as próprias famílias, a sociedade, nações e o mundo em geral. E exortou-as, as mães em particular, a fazer do mundo “um bonito lar, segundo os mandamentos de Deus.”

Às consagradas e mulheres sós, Avaline assegurou a oração para que Deus as proteja na sua vocação e concluiu convidando todas e cada uma a ser ativa, plena e empenhada no programa que as levou a reunir-se no Uganda, ajudando a Igreja a crescer na sua missão em todo o mundo.  

 

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