As chuvas torrenciais que afetaram sobremaneira a ilha cabo-verdiana de São Vicente deixou um cenário melancólico, de calamidade. Mas o povo é resiliente, tem força espiritual e de tantos lados têm chegado manifestações de solidariedade, afirma Dom Ildo Fortes que é também Presidente da Cáritas cabo-verdiana. Esta organização da Igreja está a fazer levamentamento das necessidades e já lançou uma campanha de solidariedade. Do recheio da Livraria Diocesena, nada ficou e a Rádio Maria ficou inativa.
Dulce Araújo – Vatican News
A três dias desse melancólico evento, numa ilha, onde a chuva costuma ser motivo de felicidade e festa por ser rara e escassa, Dom Ildo Fortes, que é também Presidente da Cáritas de Cabo Verde, traça para a Vatican News um balanço.
Sublinha que a situação é de tristeza e calamidade, numa ilha que não está preparada para acontecimentos do género e onde os planos de urbanização não parecem levar suficientemente em conta tais eventualidades. Para além da perda de vida humanas, muita gente ficou sem lar e haveres.
A Cáritas Diocesana mobilizou-se desde o primeiro dia para fazer levantamento das necessidades básicas e já lançou uma campanha de recolha de ajudas para enfrentar, antes de mais, a emergência e garantir a satisfação das necessidades básicas aos afetados: alimentos, água, e salvaguarda da saúde.
Há sinais de solidariedade vindas de vários lados e há que haver coordenação para que haja eficiência no socorro às pessoas.
No que toca à Caritas, Dom Ildo (que já visitou zonas altamente afetadas como Portelinha) explica como funciona a nível, central, paroquial e de paróquias nos bairros.
De momento a atenção é para ajuda de emergência, mas há que pensar também no aspeto psicológico, por exemplo. Basta pensar na mãe que perdeu três filhos, ou num pai que viu a água arrancar-lhe o filho dos braços e levar também a avó paterna do menino.
A Igreja também registou perdas materiais: a livraria diocesana ficou sem nada; a Rádio Nova de Maria não funciona, a situação geral é melancólico, mas nas ruas estão máquinas a tirar a lama, jovens e crianças a limpar praias e, de forma geral, “há uma resiliência no nosso povo que é louvável” afirma o prelado, recordando que “depois da Sexta-feira Santa, vem a Domingo da Ressurreição” e que a Igreja está ao lado povo para lhe assegurar que “Deus nunca nos abandona”.
E neste período que era de grande festival de música na ilha, o povo compreende que “o essencial é a pessoa humana”.
Aqui as palavras do Bispo.