Arrancou esta quarta-feira, 20 de agosto, no Centro de Acolhimento “Aldeia da Esperança”, a XV Assembleia Arquidiocesana de Pastoral de Nampula. O encontro reúne mais de 90 representantes de toda a arquidiocese e tem como foco a construção de uma Igreja autossustentável e unida no espírito sinodal.
Cremildo Alexandre – Nampula, Moçambique
Teve início esta quarta-feira 20 de agosto a XV Assembleia Arquidiocesana de Pastoral da Arquidiocese de Nampula, no Centro de Acolhimento “Aldeia da Esperança”, em Momola. O encontro decorre até 23 de agosto e conta com a participação de mais de 90 delegados provenientes das cinco regiões pastorais, incluindo representantes leigos, clero, religiosos e convidados de outras dioceses.
Na abertura, Dom Inácio Saúre, Arcebispo Metropolitano de Nampula, destacou que esta Assembleia é um momento histórico para a arquidiocese: “Viemos aqui com o mandato de toda a Igreja para escutar o que o Espírito quer dizer à Arquidiocese”. Reforçou ainda que não se trata apenas de manter o que já existe, mas de ousar caminhar para um novo rosto de Igreja, mais madura, digna e capaz de se sustentar com os seus próprios recursos.
Sob o lema “Por uma Arquidiocese sinodal autossustentável no amor e sentido de pertença à Igreja”, os participantes são chamados a refletir sobre os passos necessários para garantir a sustentabilidade pastoral, espiritual e económica da arquidiocese. A urgência de abandonar a dependência externa foi ecoada nas palavras de Dom Inacio: “Se continuarmos mendigos de tudo, seremos uma Igreja infantil e sem dignidade”.
O primeiro grande tema debatido foi a autossustentabilidade económica, com intervenções de António Muagerene e do Professor Lino Marques Samuel. Este último apresentou propostas concretas e viáveis, incluindo: o aproveitamento agrícola e pecuário para segurança alimentar e geração de renda; a valorização do artesanato local para promoção cultural e sustento das paróquias; a reativação de centros de formação profissional com foco na juventude; a dinamização do turismo religioso, com maior uso dos santuários e locais históricos; a criação de cooperativas comunitárias e eventos com impacto económico nas paróquias; e as campanhas de sensibilização comunitária para mudança de mentalidade.
As propostas foram bem acolhidas, com o reconhecimento de que a mudança começa com a escuta, o colóquio e o envolvimento de todos os fiéis.
“Não podemos esperar que os donativos caiam do céu”, disse o Professor Lino, alertando que muitas estruturas e recursos já existem, mas estão subutilizados. “O que falta é pôr as mãos à massa”, afirmou.
Esta Assembleia marca uma nova etapa no trajeto da Igreja em Nampula, uma Igreja que quer caminhar unida, crescer com os seus próprios pés e irradiar esperança. A expectativa é que, até sábado, os trabalhos produzam diretrizes pastorais práticas e aplicáveis, com o compromisso seguro de todos os participantes.
Como sublinhou Dom Inácio, “Autossustentabilidade rima com maturidade e dignidade”. A Igreja em Nampula quer ser protagonista da sua história com fé, criatividade e responsabilidade.
Para os participantes, este tema é de extrema importância, sobretudo porque pode ajudar a resolver muitos desafios que a Igreja enfrenta no seu dia a dia. Estes garantiram também que, depois deste encontro, vão trabalhar para implementar as ideias partilhadas.
Além da economia, outros dois temas estarão em destaque nos próximos dias: a catequese e os sacramentos, pilares fundamentais para a formação cristã e para a vida da comunidade. A XV Assembleia Arquidiocesana de Pastoral prossegue até sábado em Momola.