Continuam as operações militares israelenses para assumir o controle total da Faixa de Gaza. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou que aprovou definitivamente o plano de ocupação da cidade de Gaza, abrindo caminho para possíveis negociações, mas não antes da derrota total do Hamas. E, pela primeira vez, um relatório da ONU atribui a fome em Gaza ao bloqueio imposto por Israel.
Silvia Giovanrosa – Vatican News
O exército israelense iniciou as operações preliminares para ocupar o território da cidade de Gaza, com as tropas já tendo assumido o controle da periferia da cidade e continuando a avançar. Os bombardeios continuaram durante a noite desta quinta-feira, 21 de agosto, e as forças de defesa israelenses alertaram hospitais e organizações humanitárias no norte da Faixa de Gaza para que organizassem a evacuação. De acordo com fontes da mídia israelense, a operação contra a cidade de Gaza começará precisamente com a evacuação de civis. Em seguida, o exército cercará toda a cidade e começará a ocupá-la gradualmente, atacando também as áreas e bairros onde os soldados ainda não entraram.
Na manhã desta sexta-feira (22/08), o ministro da Defesa israelense, Israel Katz, também se pronunciou sobre a aprovação do plano de evacuação da cidade de Gaza e, com palavras muito duras, intimou o Hamas a depor as armas e libertar os reféns: “se o Hamas não se render, a cidade de Gaza se transformará em uma Rafah ou Beit Hanoun”, disse ele, citando as duas cidades da Faixa, ao sul e ao norte, respectivamente, destruídas pelos ataques de Israel.
Novo apelo do Pe. Romanelli
O pároco de Gaza postou na manhã desta sexta-feira (22/08) nas redes sociais o que está acontecendo: “a gente continua ouvindo bombardeios sem parar. Alguns mais distantes, outros mais próximos”. O sacerdote também colocou nas suas mensagens fotos dos bombardeios acontecendo na zona sul do bairro de Zeytoun, a uns 500 metros da paróquia. “As necessidades de todo tipo para toda a população civil de Gaza são urgentes”, reitera o Pe. Gabriel Romanelli, que ressalta que até agora não houve nenhuma ordem de evacuação do bairro onde fica a igreja latina.
As últimas declarações de Netanyahu
A derrota do Hamas e a libertação dos reféns são condições indispensáveis para um possível acordo de trégua por parte de Israel. Essa foi a resposta de Netanyahu à última proposta de cessar-fogo elaborada pelo Egito e pelo Catar. O primeiro-ministro também esclareceu, durante uma entrevista à Sky News Australia, que mesmo que o Hamas aceitasse a trégua no último minuto, Israel assumiria o controle da Faixa. “Faremos isso, nunca houve dúvida de que não deixaremos o Hamas lá”, disse ele, acrescentando que a guerra poderia terminar em pouco tempo se o grupo islâmico aceitasse o desarmamento completo e a devolução dos 50 reféns, 20 dos quais se presume ainda estarem vivos.
A ONU denuncia a fome em Gaza
“É um crime de guerra usar a fome como método de guerra”. É o que afirma o Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, após a confirmação, pela primeira vez, da fome em Gaza City e na área circundante, com o relatório do IPC. O sistema global de monitoramento da fome apoiado pela ONU certifica que a fome em Gaza é “inteiramente provocada pelo homem” e que a vida de 132 mil crianças menores de 5 anos está em risco devido à desnutrição. A ONU aponta diretamente o dedo para o bloqueio da ajuda por parte de Israel e reitera: “o tempo do debate e da dúvida já passou; a fome está presente e se espalhando rapidamente”.
A divisão da Cisjordânia
E sobre a decisão do governo israelense de abrir novos assentamentos na Cisjordânia pesa a declaração de 21 países, entre os quais Grã-Bretanha, França, Austrália, Canadá e também a Itália, que pedem sua “revogação imediata”, condenando-a como uma violação inaceitável do direito internacional. A União Europeia também exortou Israel a desistir de levar adiante essa decisão. O governo israelense aprovou definitivamente o projeto de construção de um novo assentamento que dividiria a Cisjordânia em duas partes, ou seja, um dos territórios, juntamente com a Faixa de Gaza, sobre os quais se basearia um eventual Estado palestino. Segundo a comunidade internacional, a divisão da Cisjordânia comprometeria, portanto, a possibilidade futura de uma resolução das hostilidades com a criação de dois Estados independentes.