Depois do simpósio que assinalou os 65 anos da revista Vida Nova, foi lançado em Nampula o livro “Vida Nova: uma voz profética em Moçambique”. Na apresentação, Thomas Selemane destacou a obra como testemunho histórico e proposta de porvir. Em entrevista, o padre Cantifula de Castro sublinhou a missão profética da revista, que anuncia e denuncia as realidades do país, incluindo o terrorismo em Cabo Delgado.
Cremildo Alexandre – Nampula, Moçambique
A Faculdade de Educação e Comunicação da Universidade Católica de Moçambique em Nampula acolheu esta terça-feira, 16 de setembro, o lançamento oficial do livro “Vida Nova: uma voz profética em Moçambique”, momento alto do simpósio que celebrou os 65 anos da revista católica Vida Nova.
Na cerimónia, o Professor e colaborador da Revista Vida Nova, Thomas Selemane, apresentou a obra, sublinhando que mais do que um registo histórico, o livro é uma proposta de porvir para a comunicação social confessional em Moçambique:
“Este livro é ao mesmo tempo um testemunho histórico e uma proposta de porvir, mostrando como a fé católica, a comunicação e a reflexão crítica podem unir-se para iluminar o caminho de Moçambique”, afirmou.
Segundo explicou, a obra reúne oito capítulos assinados por sete autores, onde se destacam temas como a dimensão profética e sociopastoral da revista, o papel sociopolítico ao longo da história recente do país, o contributo para a emancipação feminina e a adaptação ao mundo digital.
Para Selemane, o livro chega num momento crucial: “Moçambique precisa de reconciliação, e esta obra é também um manual para quem deseja aprofundar o colóquio político e a aceitação do outro. A Vida Nova sempre foi uma escola de escrita simples e profunda, ao serviço da verdade, da justiça e da paz”, concluiu.
Após o lançamento, o padre Cantifula de Castro afirmou, em entrevista, que a revista se consolidou como uma voz profética ao longo dos 65 anos:
“A Vida Nova sempre anunciou a realidade moçambicana nas suas diversas vertentes, mas também denunciou injustiças sociais, culturais e religiosas. Por isso, é uma voz profética que anuncia e denuncia”.
O sacerdote destacou que, nos últimos anos, a revista tem dado atenção especial à crise humanitária e ao terrorismo em Cabo Delgado:
“Temos a certeza de que o terrorismo é uma violação dos direitos humanos e a denúncia é uma das formas de contribuir para estancar este mal. É preciso conhecer os promotores, criar mecanismos autênticos de colóquio franco e garantir que o bem comum seja para todos, e não apenas para alguns interessados”, afirmou.
Organizado ao longo de um ano, o projecto congregou sete autores, sob a coordenação do Padre Cantifula de Castro e do Padre António Bonato.
Com este lançamento, a revista Vida Nova reforça a sua missão de formação e informação cristã, ao mesmo tempo que se projeta como instrumento de reflexão e intervenção social no presente e no porvir de Moçambique.