Economia de Francisco e Clara promove 3º Encontro Nacional em Recife

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Evento reforçou o compromisso por uma economia justa, solidária e sustentável. Em mensagem em vídeo, secretária do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral da Santa Sé, Ir. Alessandra Smerili: “falar de economia hoje significa enfrentar uma realidade complexa, marcada por fortes desequilíbrios, injustiças e crises. Mas também significa reconhecer que já existem caminhos alternativos, experiências que abrem brechas de esperança, visões capazes de orientar a mudança”.

Vatican News

De 11 a 14 de setembro, Recife foi o ponto de encontro de mais de 300 participantes do 3º Encontro Nacional da Economia de Francisco e Clara (ENEFC), realizado na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). O evento reuniu jovens economistas, lideranças sociais, pastorais e comunitárias de diversas regiões do Brasil, que refletiram sobre alternativas econômicas capazes de responder às urgências sociais e ambientais do presente, inspirados pelo chamado do Papa Francisco a “organizar a esperança” e o tema motivador do encontro “A economia pode ser justa para todas as vidas, já!”.

O arcebispo de Porto Alegre (RS) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal Jaime Spengler, cumprindo agenda em Roma, enviou uma saudação aos presentes no encontro com votos de bom trabalho e coragem. “Redes, comunidades, homens e mulheres que sonham, que sonham com uma realidade, uma sociedade inspirada pelos valores de Francisco e Clara. Não tenhamos medo de, juntos, elaborar, discutir, aprofundar, rezar para que, talvez, as próximas gerações possam ter dias melhores”, ressaltou. A assessora da Comissão Episcopal para Ação Sociotransformadora da CNBB, Alessandra Miranda, participou de todo o evento e saudou os presentes na mesa de abertura.

Em uma mensagem em vídeo, a secretária do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral da Santa Sé, irmã Alessandra Smerili, felicitou a Articulação Brasileira para a Economia de Francisco e Clara (ABEFC) pela realização do evento, salientando a pertinência do tema escolhido. “Falar de economia hoje, no mundo em que vivemos, significa enfrentar uma realidade complexa, marcada por fortes desequilíbrios, injustiças e crises. Mas também significa reconhecer que já existem caminhos alternativos, experiências que abrem brechas de esperança, visões capazes de orientar a mudança.”

Místicas, oficinas e participação popular

A programação foi construída de forma plural e participativa, combinando espaços de reflexão acadêmica com experiências de espiritualidade e cultura popular. O encontro contou com momentos de mística, rodas de conversa, oficinas temáticas nos territórios e atividades artísticas que mobilizaram os participantes em torno de três eixos principais: ecologia integral, economia solidária e incidência social.

Dentre os convidados para os painéis, estiveram os ministros de Estado Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança Climática), Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome) e Luciana Santos (Ciência Tecnologia e Inovação). Reconhecido nacionalmente pelo seu trabalho com a população em situação de rua, o Padre Júlio Lancellotti, da Arquidiocese de São Paulo, participou do encontro e compartilhou a sua experiência. Secretária da Pontifícia Comissão para a América Latina, a teóloga argentina Emilce Cuda, participou virtualmente do evento e destacou, junto com o Frei Giampero Gambaro, representante da Economy of Francesco, o legado do Papa Francisco na América Latina e os momentos iniciais do pontificado do Papa Leão XIV.

Em clima de peregrinação, os participantes foram à Igreja das Fronteiras, onde viveu dom Helder Câmara entre 1968 e 1999, para a celebração da Eucaristia,  presidida pelo bispo emérito de São Félix do Araguaia (MT), dom Adriano Ciocca. Ao final, uma caminhada pelas ruas da capital pernambucana marcou o compromisso de seguir construindo novas formas de economia.

Carta de Recife: indignação e esperança

O encerramento do encontro foi marcado pelo lançamento da Carta de Recife, um manifesto do compromisso coletivo com uma economia que seja “justa para todas as vidas, já!”. O documento denuncia a crise climática, o extrativismo predatório e a concentração de riquezas, lembrando ainda o agravamento das desigualdades e o enfraquecimento da democracia diante da lógica do mercado. “Queremos continuar a recuperar a centralidade da metamorfose do sistema econômico e, em colóquio latino-americano, tecer pontes para uma ampla rede de encontros, diálogos e convergências. Que em cada comunidade se costurem laços e se desenvolvam processos de conscientização. No contexto do Jubileu da Esperança, reafirmamos nosso compromisso com o descanso da terra e o fim das dívidas econômicas, sociais e ecológicas”, destaca o texto.

A Carta resgata o convite de Francisco à construção de pactos comunitários e reafirma duas ideias-força: indignação, que impede a acomodação diante das injustiças, e esperança, que move a semear novas práticas de solidariedade e cooperação. Entre as reivindicações, estão a luta pelo fim da escala 6×1, a justiça tributária em favor dos mais pobres, a universalização dos direitos à terra, teto e trabalho, além da defesa de uma transição justa de modelo econômico. O texto convoca todas as pessoas a participarem da construção de uma economia “com alma”, centrada na vida e na dignidade humana.

Criação do Grupo de Trabalho na Unicap

Ao final do encontro, o integrante da secretaria da Articulação Brasileira pela Economia de Francisco e Clara, Eduardo Brasileiro, apresentou aos presentes a Portaria nº 147/2025 da Unicap, por meio da qual é criado o Grupo de Trabalho (GT) para a proposição da Cátedra de Economia de Francisco e Clara. O documento assinado pelo reitor Padre Pedro Rubens Ferreira de Oliveira, S.J, nomeia os membros do GT, composto por docentes e colaboradores externos, e define a missão de elaborar uma proposta conceitual e metodológica da Cátedra, propor um plano de atividades de pesquisa, extensão e incidência social, além de identificar parcerias nacionais e internacionais. De acordo com a portaria, a iniciativa está em sintonia com a missão humanista e jesuíta da instituição: “A criação da Cátedra reforça nosso compromisso com a justiça socioambiental, o colóquio entre fé, ciência e cultura e a formação integral da pessoa humana”.

A Economia de Francisco e Clara

A Economia de Francisco é um movimento mundial convocado pelo Papa Francisco em 2019, que reúne jovens economistas, trabalhadores e lideranças sociais para pensar e praticar uma nova economia. Inspirado na vida simples de São Francisco de Assis, o chamado busca alternativas ao modelo econômico dominante, marcado pela exclusão e pela exploração da natureza. A proposta é construir uma economia que tenha a vida no centro, seja solidária, sustentável e capaz de promover justiça social e ecológica em escala global.

No Brasil, a Articulação Brasileira abraçou a convocação feita pelo Papa Francisco e uniu Clara a este apelo de uma nova economia, considerando a expressiva participação das mulheres nas comunidades e nos territórios, buscando na força feminina o exemplo para a metamorfose e a construção de uma economia justa. Outras informações pelo e-mail [email protected].



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