Moçambique. CEM apela à oração e realismo perante os ataques terroristas em Memba

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Após os recentes ataques terroristas no distrito de Memba, província de Nampula (norte de Moçambique), que resultaram em mortes e destruição, o Presidente da Conferência Episcopal de Moçambique e Arcebispo de Nampula, Dom Inácio Saúre, apelou à oração e à busca das causas profundas da guerra. Em entrevista à Rádio Vaticano, o prelado pediu realismo no processo de colóquio inclusivo e lamentou as mortes de civis e agentes da polícia.

Cremildo Alexandre – Nampula, Moçambique

O distrito de Memba, na província de Nampula, foi novamente alvo de ataques terroristas que deixaram rasto de destruição, com mais de uma centena de casas incendiadas e registo de mortes.

O governador de Nampula, Eduardo Abdula, visitou as zonas afetadas, manifestando solidariedade às vítimas e oferecendo cestas básicas. Abdula anunciou o reforço das Forças de Defesa e Segurança e apelou à vigilância e colaboração das Comunidades.



Governador de Nampula Eduardo Abdula visita Memba, vítima de ataques terroristas   (Ambrosius007)

No contexto desses acontecimentos, o Presidente da Conferência Episcopal de Moçambique e arcebispo de Nampula, Dom Inácio Saúre, em entrevista à Rádio Vaticano, deixou uma mensagem de fé e de compromisso social:

“Como pessoas de fé, devemos rezar muito, para que Deus toque os corações de todos os mentores desta guerra. E como cidadãos, apelar às autoridades para que tomem a situação com seriedade, procurando as causas profundas da guerra, para resolver o problema pela raiz.”

O arcebispo recordou ainda o martírio da Irmã Maria De Coppi, missionária comboniana italiana assassinada em 2022 no mesmo distrito, e destacou o seu testemunho de fé e coragem:

“Ela sabia que estava em perigo, mas não fugiu. Foi mártir da fé. Que o seu exemplo nos inspire a trabalhar pela paz e pela reconciliação.”

Dom Inácio lamentou também as mortes recentes de membros da polícia e de civis em diferentes partes do País, incluindo Maputo, sublinhando a gravidade da situação:

“Estas mortes são muito graves e devem parar imediatamente. Moçambique parece ter-se tornado num vale de lágrimas, onde continuamente choramos. A morte de qualquer pessoa deve nos interpelar. Devemos fazer tudo para que estas mortes cessem.”

Sobre o colóquio inclusivo e a recente Cartilha de Justiça e Paz lançada pela Comissão Episcopal de Justiça e Paz, sublinhou que a sua divulgação “ainda está no início”.

“Ela não é muito conhecida. O que devemos fazer é encorajar que de fato a Cartilha seja conhecida. Este é o primeiro passo, porque se as pessoas não conhecem, também não saberão como utilizá-la como instrumento útil neste colóquio”, referiu o arcebispo.

Questionado sobre as expectativas em relação ao colóquio inclusivo, Dom Inácio defendeu uma postura de prudência e realismo:

“Devemos deixar o tempo ao tempo. Há quem seja optimista, outros pessimistas. Eu prefiro dizer: sejamos realistas. Até aqui, ainda não se pode dizer que há muita esperança. Deixemos o tempo ao tempo.”

O apelo do arcebispo reforça a necessidade de oração, colóquio e compromisso com a verdade, como caminhos para restaurar a paz e a dignidade humana em Moçambique.

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