No Gabão, a aprovação pelo Parlamento de uma lei que despenaliza a homossexualidade, revogando efetivamente uma lei de 2019, provocou amplo debate no País. O arcebisopo de Libreville, D. Jean-Patrick Iba Ba, recordou numa nota o empenho da Igreja de respeitar todas as pessoas, mas sem banalizar a sexualidade.
Cidade do Vaticano
A legislação de 2019 debatida pelo Parlamento gabonês criminalizava a homossexualidade, tornando-a punível com seis meses de prisão e com o pagamento de uma multa ou sanção.
Sobre o assunto interveio também a Igreja Católica local através de uma nota assinada por D. Jean-Patrick Iba Ba, arcebispo metropolitano de Libreville. “Homem e mulher os criou”, escreve o prelado citando o Livro do Génesis (1, 27); daí a referência ao facto de que “esta diferença estabelece a relação e a complementaridade” entre os dois sexos e “encontra a sua realização no matrimónio” entre um homem e uma mulher. Mas “quando a homossexualidade falsifica a antropologia ou banaliza a própria sexualidade”, então também “o matrimónio e a família, fundamento da sociedade” são colocados em risco.
Não demonizar ninguém, abrir-se à verdade da Bíblia
Ao mesmo tempo, o Bispo do Gabão recorda “a responsabilidade pastoral da Igreja no empenho de respeitar todas as pessoas, independentemente da orientação das suas vidas”. “Portanto, não se trata de demonizar ou atirar pedras contra seja quem for”, escreve D. Iba Ba, mas de “abrir-se à verdade da Bíblia”, que no Livro do Levítico afirma: “Não coabitarás sexualmente com um varão como se faz com uma mulher, é uma abominação” (18, 22).
Modelos contrários a valores e costumes milenários do Gabão
O arcebispo de Libreville também deplora “certas organizações internacionais que tendem a condicionar as suas ajudas à aceitação de modelos de comportamento” contrários aos “valores milenares” e aos “costumes” do Gabão. “Exortamos as autoridades – lê-se na mensagem – a revoltar-se contra estes métodos nocivos, escolhendo a luta pela liberdade”, e “a tutela da nossa identidade cultural e do nosso destino”.
Voto em contradição com a maioria da população
D. Iba Ba sublinhou ainda que o voto do Parlamento, estando “em contradição com a maioria da população”, poderia “expor os próprios homossexuais a reações hostis e à discriminação”. E exortando, pois, as autoridades públicas e políticas a se “reconciliarem com o povo e com os valores fundamentais do património nacional”, o prelado pede a todas as confissões religiosas que se organizem momentos de oração nesta fase difícil para o País.