O calvário das domésticas etíopes abandonadas no Líbano

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Graças à intervenção de uma ONG italiana, as jovens puderam voltar para lar, depois de terem sido demitidas e abandonadas nas ruas de Beirute por causa da pandemia

Davide Dionisi – Vatican News

Não perder o emprego em tempos de Covid é uma tarefa difícil. Torna-se impossível para as mulheres de um país pobre, que trabalham de empregada doméstica em um país como o Líbano que se encontra em uma profunda crise econômica com tensões sociais crescentes. As protagonistas deste dramático caso são as domésticas vindas da Etiópia que, por causa da pandemia, viram-se obrigadas a viver nas ruas depois que as famílias com quem trabalhavam as expulsaram, sem remuneração.

Demitidas e abandonadas

Os regulamentos locais não oferecem benefícios sociais para as empregadas domésticas que, de fato, dependem inteiramente de seus empregadores. No auge da Covid-19, muitas delas ficaram bloqueadas em Beirute, acampadas sob a Embaixada da Etiópia, sem ter meios para voltar para lar. São jovens entre vinte e trinta anos de idade, mas também há muitas menores. Embora muitas delas não tenham passaporte, querem voltar para lar, cientes de que não serão bem recebidas, já que suas famílias se endividaram para que fossem trabalhar no Líbano.

649 mulheres salvas pela ONG

A ONG italiana “Comunità Volontari per il Mondo” (CVM) ofereceu assistência a 649 destas jovens para voltarem à Etiópia, logo depois da imposição do “estado de emergência” para enfrentar a pandemia, determinado pelo primeiro-ministro etíope Abiy Ahmed.

Voltar para lar com segurança

Graças ao projeto “Secure Women Migration Cycle”, financiado pela Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento e realizado em colaboração com a Cáritas Etiópia, a Cáritas Líbano e o Centro Missionário Leigo Italiano, as ex-domésticas puderam voltar para lar e ser assistidas por uma rede de voluntários profissionais, que as auxiliaram desde o momento de seu retorno até hoje. Na chegada receberam a “bolsa da dignidade”, uma bolsa contendo produtos de primeira necessidade, dispositivos de proteção do coronavírus e uma contribuição de 3.000 Birr, equivalente a cerca de 90 euros. Também foram oferecidos às mulheres cursos de treinamento para facilitar sua integração em suas comunidades de origem.

Ascani (CVM): “Nossa assistência não termina com a repatriação”.

“Foi o próprio governo etíope que nos pediu para coordenar o retorno das 649 trabalhadoras domésticas, que foram repatriadas em voos especiais do Líbano”, disse Attilio Ascani, coordenador de Atividades da CVM Itália. “Ao chegar na Etiópia ficaram em quarentena e nós as ajudamos a chegar em lar com um sorriso no rosto, também porque são jovens que perderam tudo”. Ascani diz estar satisfeito com o trabalho realizado. “Foi uma experiência maravilhosa poder ajudá-las. Agora temos que contatá-las uma a uma, para tentar dar-lhes uma perspectiva para o amanhã, pois caso contrário, voltarão à situação inicial da qual partiram”. Devemos ajudá-las a achar os instrumentos de microcrédito e de apoio econômico para que as autoridades locais construam um porvir em seu país. Se elas quiserem continuar sendo trabalhadoras domésticas, lhes oferecemos a possibilidade de treinamento, para melhorar suas habilidades e poder reentrar no mercado de trabalho, pedindo uma remuneração justa e o reconhecimento de sua dignidade como trabalhadoras”.

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