A Santa Sé, adverte no Fórum sobre Cultura de Paz sobre as desigualdades e a discriminação que ficaram mais evidentes com a pandemia de Covid-19 e correm o risco de se agravar caso os membros mais fracos e vulneráveis da sociedade forem novamente ignorados.
Vatican News
“Se quisemos melhorar o nosso mundo, ou seja, se realmente desejamos cultivar a paz, nossos esforços devem concentrar-se na pessoa e na dignidade de cada ser humano”. Foi o que defendeu o Observador Permanente da Santa Sé junto às Nações Unidas, arcebispo Gabriele Caccia, em seu discurso no Fórum de Alto Nível “A cultura da paz: mudar nosso mundo para melhor na era da Covid-19″.
O tradicional encontro anual sobre cultura de paz, que se realizou na sexta-feira 11/9 na sede da ONU de Nova Iorque, não deixou de fazer uma referência particular à atual crise provocada pela pandemia Covid-19 que deixou à mostra a difícil situação dos pobres e a grande desigualdade no mundo.
Neste sentido, a advertência do arcebispo para que a busca imediata de soluções ou de uma vacina não se limite a aspirar a um retorno aos locais de trabalho ou educação, esquecendo aqueles que correm o risco de serem ainda mais excluídos da sociedade. “Não devemos apenas esperar, mas trabalhar por um mundo pós-Covid-19 mais justo, pacífico e sustentável”, afirmou Dom Caccia.
“A paz não é somente uma solução mágica que cai do alto, mas é algo que se consegue graças ao trabalho e o compromisso”, destacou o núncio ao falar da cultura de paz. E observou, que se para os crentes a paz é um dom de Deus, eles também estão conscientes de que “é um dom que deve ser fortalecido, desenvolvido e praticado”.
Neste contexto, Dom Caccia recordou que os líderes religiosos e as pessoas de fé desempenham um papel fundamental na consolidação da paz, ao procurar inspirar na comunidade a sabedoria obtida de suas respectivas tradições, fomentando uma maior fraternidade e mostrando que a busca da paz envolve cada um de nós.
Em seu pronunciamento, o arcebispo Caccia recordou que construir uma cultura da paz foi o que levou à criação da ONU há 75 anos e que se fortalecerá caso se trabalhar unidos com nações e povos, inspirados – como disse o Papa Francisco – em “uma nova mentalidade que pensa em termos de comunidade e prioridade da vida de todos”.
O representante da Santa Sé também se referiu aos inúmeros pronunciamentos do Papa Francisco sobre a interdependência entre os seres humanos que se revelou de forma mais dramática com a pandemia e de como a solidariedade e a dedicação aos outros se revelaram indispensáveis diante desta situação.
“Somente se nos concentrarmos nos membros mais fracos, mais vulneráveis e ignorados de nossas sociedades, nosso crescimento será genuinamente humano e capaz de lançar as sementes necessárias para cultivar a paz duradoura com a qual todos estamos comprometidos”, concluiu Dom Caccia.
Vatican News Service – ATD