Na mensagem enviada ao novo núncio na Belarus, o metropolita de Minsk afirma que “somos testemunhas de derramamento de sangue nas ruas e praças de nossas cidades … Precisamos de seu apoio, como representante da Santa Sé, e aguardamos impacientemente sua chegada a nosso país”.
Vatican News
O Metropolita católico de Minsk-Mogilev, Dom Tadeusz Kondrusiewicz, dirigiu suas felicitações ao novo núncio apostólico na Belarus, Dom Ante Jozic, recém-ordenado bispo e prestes a iniciar sua missão em Minsk. O metropolita ainda está entre a Polônia e a Lituânia, impedido pelas autoridades de retornar à sua terra natal.
Dirigindo-se ao novo núncio como “o representante do Papa na Belarus, em um período extremamente difícil para a vida de nosso país”, o metropolita destaca que “na história de nosso povo pacífico nunca havia acontecido de o irmão levantar a mão contra o irmão, e agora existem vítimas”.
O arcebispo expressa toda a sua amargura pelos acontecimentos no país, afirmando que “somos testemunhas de derramamento de sangue nas ruas e praças de nossas cidades”. Na mensagem publicada por naviny.by, também é destacada “uma profunda divisão em nossa sociedade, que também pode provocar uma guerra civil”.
Ao mesmo tempo, Dom Kondrusiewicz observa que a atual crise sócio-política na Belarus “deu um novo impulso ao fortalecimento das já boas relações entre os representantes das várias confissões e religiões, no espírito de fraternidade e solidariedade”.
O prelado ressalta ainda que “desde o início da crise a Igreja Católica convidou as partes em conflito a um colóquio sincero, para resolver os problemas com um caminho pacífico”. É por isso – afirma Dom Kondrusiewicz ao núncio, “necessitamos do seu apoio, como representantes da Santa Sé, e aguardamos com impaciência sua chegada ao nosso país”.
O próprio Dom Jozic fez um apelo aos bielorrussos, falando em russo, logo após a consagração episcopal: “A partir deste momento prometo oferecer o máximo empenho para a colaboração entre todos e peço-vos que rezais intensamente pela solução dos problemas de forma pacífica, por meio do colóquio e da solidariedade, evitando qualquer forma de violência”.
Nesse meio tempo, os protestos chegaram ao 41º dia, com a grande marcha realizada no domingo, 20 de setembro, na qual voltou a se repetir a violenta repressão policial. As caminhadas pacíficas e manifestações são cada vez mais conduzidas por mulheres, justamente para evitar atos de força, mesmo que os mascarados de Lukashenko não pareçam ter muitos escrúpulos diante das mulheres.
Com efeito, o presidente tentou negar o favor que a metade feminina do país tem para com a antítese, liderada por mulheres, organizando uma contramanifestação das mulheres que o apoiam. Milhares de mulheres chegaram à Minsk-Arena no último dia 17 de setembro, levadas em numerosos ônibus de todo o país, para entoar slogans a favor de Lukashenko, mas sobretudo atraídas pelo célebre cantor melódico russo Nikolaj Baskov, contratado paraa ocasião.
O Fórum-concerto foi inaugurado pela ministra da saúde da Bielorrússia, Elena Bogdan, e no final houve a aparição do batka Lukashenko, em meio ao agitar de bandeiras vermelho-verdes, as oficiais do tempo soviético.
As mulheres expressaram sua desaprovação da líder da antítese Svetlana Tikhanovskaya, gritando “Sveta, você roubou nosso verão!” e “Vá para lar cozinhar almôndegas!”. Lukashenko aproveitou a ocasião para anunciar que decidiu fechar todas as fronteiras com o Ocidente, ou seja, com a Polônia, Lituânia e Ucrânia, deixando a porta aberta apenas para a “Mãe Rússia”.
Os países vizinhos, segundo ele, teriam organizado “uma retransmissão de ataques à Belarus, para nos reduzir como a Venezuela, onde encontraram o seu Guaido, ou melhor, uma Guaidaccia“, concluiu o presidente, insultando diretamente Tikhanovskaya.
No Fórum chegaram até mesmo as palavras de uma freira, Igumena Gavriila (Glukhova), Superiora do convento patriarcal da Mãe de Deus em Grodno, que chamou os adversários de Lukashenko “uma multidão de idiotas, pelos quais devemos rezar”.
Lituânia, onde se encontra no exílio, a vencedora ética das eleições de 9 de agosto chamou a decisão de fechar as fronteiras de “um novo rompimento com a realidade” e apelou à intervenção imediata de outras nações, porque as ações de Lukashenko “contradizem todas as normas internacionais”.
Vladimir Rozanskij – Asia News