O presidente da Conferência Episcopal alemã destacou alguns dos aspectos relevantes da nova Encíclica do Papa Francisco, como o colóquio inter-religioso e o convite ao colóquio global, o perdão e a reconciliação, entre outros.
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“Irmãos todos, é um alarme para que nos encontrarmos novamente, um ao outro; um lembrete para que não esqueçamos o nosso próximo e um chamado à esperança que nos impele a derrubar muros e fortalecer a coesão”. Em síntese, esta é a definição da nova Encíclica do Papa Francisco “Fratelli Tutti” apresentada pelo presidente da Conferência Episcopal Alemã (DBK), Dom Georg Bätzing, em nota publicada no site do órgão.
Divulgado no domingo 4 de outubro, o documento pontifício é uma verdadeira Encíclica social, “uma pequena síntese – define o prelado alemão – do anúncio social do Papa Francisco”.
Um marco no colóquio inter-religioso
Duas, em particular, as novidades destacadas pelo presidente da DBK: a primeira diz respeito ao colóquio inter-religioso. Em vários pontos, de fato, o Pontífice cita um marco do colóquio inter-religioso, a saber, o “Documento sobre a Fraternidade Humana em prol da Paz mundial e da Convivência comum“, assinado por ele mesmo em 4 de fevereiro de 2019 em Abu Dhabi, junto com o Grão Imame de Al -Azhar, Ahmed Al-Tayyeb. E que “uma Encíclica seja orientada para um texto inter-religioso cristão-islâmico – ressalta Dom Bätzing – é realmente uma novidade na história da Igreja” e é “emocionante”. Isso demonstra, entre outras coisas, a determinação do Papa Francisco em promover o colóquio inter-religioso, “quer para contrastar a hostilidade das religiões, quer para fortalecer os fundamentos religiosos da amizade social”.
Mas, para além da esfera inter-religiosa, a Encíclica é “um convite ao colóquio também a nível global”. Para o Papa, de fato – sublinha o bispo alemão – “o colóquio é um elemento indispensável de um processo de desenvolvimento que inclui todas as pessoas. A inclusão e o colóquio caminham juntos, porque o colóquio é uma expressão fundamental da abertura ao outro, sem a qual a amizade social não pode se desenvolver”.
Perdão e reconciliação
A segunda novidade, por outro lado, diz respeito ao perdão e à reconciliação. “Pela primeira vez em um documento semelhante da Igreja – afirma Dom Bätzing – a questão da reconciliação após conflitos violentos é tratada de uma forma tão detalhada”. Uma reconciliação a ser obtida por meio do “colóquio e do perdão” que, porém, não significa esquecer. “É forte, de fato, o apelo do Pontífice para que as vítimas da violência estejam no centro da memória” coletiva.
Resposta global aos problemas globais
Outro ponto focal destacado pelo presidente da DBK é o da necessidade de “uma resposta global aos problemas globais”, especialmente no campo do desenvolvimento dos povos. Dom Bätzing explica, de fato, que “a livre atividade econômica deve ser combinada com considerações sociais e ecológicas, deixando espaço para o desenvolvimento, e não para a estagnação, das identidades culturais”.
Ao mesmo tempo, “tendências agressivas como o nacionalismo, o populismo, o etnocentrismo, a autorreferencialidade dos Estados nacionais e dos povos que são hostis aos refugiados e migrantes, são duramente condenadas pelo Papa, por negarem a igual dignidade de todos”.
Esperança cristã
Por fim, o presidente da Conferência Episcopal Alemã conclui a sua reflexão detendo-se no estilo da Encíclica, “característico da esperança cristã”: “Todos os homens, esta é a mensagem de ‘Todos os Irmãos’, são filhos do Pai e, portanto, podem achar-se como irmãos e irmãs – diz o prelado. Este é um autêntico espírito cristão de abertura recíproca para com os outros e para com Deus que, mesmo em tempos difíceis, nos encoraja e nos dá uma orientação fundamental”.
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