Em apelo pronunciado em Roma e seguido pelo mundo inteiro nesta terça-feira (20), líderes religiosos, entre eles o Papa Francisco e o Patriarca Bartolomeu I, “imploram o dom da paz” em nome daqueles sem nome nem voz. No apelo, o convite renovado pela fraternidade entre os povos “para nos salvar” de ameaças como a pandemia e a própria guerra – que representa “um falimento da política e da humanidade”. Por isso, “queremos dizer mais uma vez: ‘Nunca mais a guerra!’”.
Andressa Collet – Vatican News
Uma terça-feira, esta de 20 de outubro, que transformou Roma na Capital da Paz com um encontro internacional que reuniu, na mesma praça, aquela da prefeitura, líderes religiosos mundiais e autoridades locais. O evento “Ninguém se salva sozinho – Fraternidade e Paz”, promovido pela comunidade cristã de Santo Egídio, recebeu representantes do islamismo, do judaísmo e do budismo, além do Patriarca Bartolomeu I e do próprio Papa Francisco que, na oportunidade, assinaram um apelo pela paz:
Direto da Praça da Prefeitura de Roma, no Campidoglio, de onde partiu o pacto de “uma Europa unida”, entre nações em conflito “pouco tempo depois do maior conflito bélico de que há memória na história”, o apelo trouxe a inspiração em ideais como o colóquio e o perdão sobretudo “hoje, neste tempo de desorientação, açoitados pelas consequências da pandemia da Covid-19, que ameaça a paz ao aumentar as desigualdades e os medos”.
A força do sentido de fraternidade
Tanto problemas como soluções “num mundo cheio de conexões” como o nosso, da fome ao acesso aos alimentos, do aquecimento global à sustentabilidade do desenvolvimento, por exemplo, dizem respeito a todos nós e não a cada país individualmente. Por isso a insistência com o “sentido da fraternidade” e o convite para dizermos “com força: ninguém pode se salvar sozinho, nenhum povo, ninguém!”.
O clamor pelo fim das guerras
Da Praça do Campidoglio, os líderes religiosos, através do apelo, lembraram que, infelizmente, “a guerra voltou a aparecer como uma via possível para a solução das disputas internacionais”. Antes que seja tarde, é preciso ter sempre presente que “a guerra sempre deixa o mundo pior do que o encontrou”:
“A guerra é um falimento da política e da humanidade. Apelamos aos governantes para que rejeitem a linguagem da divisão, frequentemente apoiada por sentimentos de medo e desconfiança, e não adotem caminhos sem retorno. Pensemos conjuntamente nas vítimas. Existem tantos, demasiados conflitos ainda em aberto.”
O apelo, então, se dirigiu diretamente aos responsáveis dos países para que, unindo as forças, seja criada uma “nova arquitetura da paz” em prol da vida, da saúde e da educação:
“Quanto aos recursos empregados na produção de armas cada vez mais destrutivas, fautoras de morte, chegou a hora de os utilizar para corroborar a vida, cuidar da humanidade e da nossa lar Comum. Não percamos tempo! Comecemos por objetivos atingíveis: unamos, já hoje, os esforços para conter a propagação do vírus até termos uma vacina que seja apropriada e acessível a todos. Esta pandemia veio lembrar-nos que somos irmãs e irmãos de sangue.”
Um colóquio possível pela família humana
O apelo pela paz foi finalizado com a convocação de todos a se tornarem artesãos e mensageiros de paz, construindo uma “amizade social”, assumindo “a cultura do colóquio”. Um colóquio que, se “leal, perseverante e corajoso”, pode ser capaz de se transformar em “antídoto contra a desconfiança, as divisões e a violência”, e, assim, dissolver as guerras “pela raiz”:
“Ninguém pode deixar de se sentir envolvido. Todos somos corresponsáveis. Todos temos necessidade de perdoar e ser perdoados. As injustiças do mundo e da história curam-se, não com o ódio e a vingança, mas com o colóquio e o perdão.”
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