O Bispo da Diocese de Chimoio, no centro de Moçambique, D. João Carlos Hatoa Nunes, comentando a Encíclica “Fratelli tutti” afirma que, para pôr fim à escalada da violência em Moçambique, é preciso cultivar a cultura do colóquio e construir juntos o caminho da vida e da paz.
Hermínio José – Maputo, Moçambique
No domingo dia 4 de outubro deste ano, foi publicada, no Vaticano, a Carta Encíclica do Papa Francisco sobre a fraternidade e a amizade social, “Fratelli tutti”. Esta carta está a servir de profunda reflexão em todo o mundo. No documento do Sumo Pontífice, entre várias pontos, o Papa Francisco, fala de um dos inimigos da humanidade: o conflito, as guerras.D. João Carlos Hatoa Nunes, no seu comentário ao documento papal, afirma que, para pôr fim à escalada da violência em Moçambique, é preciso cultivar a cultura do colóquio e construir juntos o caminho da vida e da paz.
Na verdade, segundo a Carta Pontíficia, as guerras, os atentados, as perseguições por motivos raciais ou religiosos e tantas afrontas contra a dignidade humana são julgados de maneira diferente, segundo convenham ou não a certos interesses fundamentalmente económicos: o que é verdade quando convém a uma pessoa poderosa, deixa de o ser quando já não a beneficia. Estas situações de violência vão-se «multiplicando cruelmente em muitas regiões do mundo, a ponto de assumir os contornos daquela que se poderia chamar uma “terceira guerra mundial por pedaços”», refere o documento.
Fazer convergir o mundo para a unidade
O mundo precisa de nos fazer convergir para a unidade, pois em qualquer guerra o que acaba destruído é «o próprio projeto de fraternidade, inscrito na vocação da família humana», pelo que «toda a situação de ameaça alimenta a desconfiança e a retirada». Assim, acrescenta o Papa Francisco, “o nosso mundo avança numa dicotomia sem sentido, pretendendo «garantir a estabilidade e a paz com base numa falsa segurança sustentada por uma mentalidade de medo e desconfiança»”.
D. João Carlos defende o colóquio na Paz
O Bispo de Chiomoio, e também porta-voz da Conferência Episcopal de Moçambique, D. João Carlos, falou também dos caminhos que Moçambique precisa percorrer para pôr fim a toda onda de violência no País, com destaque para os ataques terroristas em Cabo Delgado e os ataques armados no centro do País.
O Prelado falava à luz da Carta Encíclica do Papa Francisco sobre a Freternidade e Amizade Social, lançada no dia 4 de Outubro, por coincidência, na data em que Moçambique assinalava os 28 anos da do Acordo de Paz, assinado em Roma, no ano de 1992, o qual veria a pôr termo à guerra civil dos 16 anos no País.