Não existe porvir onde se dá espaço à violência, alertam lideranças religiosas do Chile

0

A Mesa Inter-Religiosa do Chile lamenta que a violência tenha ocupado espaços importantes do debate nacional, ultrapassando os limites do respeito à dignidade humana e do amor ao próximo. “Acreditamos – afirmam – que é justo e necessário fazer um apelo para que sejamos capazes de voltar a olharmo-nos nos olhos, sem ódio, para recuperar a tão almejada paz que desejam as famílias que vivem no Chile”.

Vatican News

Cerca de 20 representantes de igrejas e confissões religiosas, reunidos na Mesa Inter-religiosa do Chile, em um breve comunicado fazem um apelo à calma e à não violência, especialmente, diante de um acontecimento histórico de grande importância como o plebiscito sobre a reforma da Constituição Nacional que poderia responder às reivindicações de tantos grupos sociais e setores nacionais, atualmente limitados ou ignorados.

Mais de 14,7 milhões de cidadãos poderão escolher entre fazer uma nova Constituição ou manter a atual, herdada da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) e que, para muitos, está na origem das desigualdades do país.

“Não há porvir juntos em uma comunidade onde se dá espaço para a violência. No contexto que vive o país e a dois dias de um acontecimento democrático histórico, fazemos um apelo à paz social, à unidade nacional e ao colóquio fraterno, no qual todos são importantes e ninguém é descartado”, afirma a nota publicada na sexta-feira, 23, no site a Conferência Episcopal do Chile (CECh)

Com slogans a favor da aprovação de uma nova Carta Magna, dezenas de pessoas tomaram as ruas de Santiago do Chile, desafiando o silêncio eleitoral anterior ao plebiscito constitucional que será realizado neste domingo. Os distúrbios e confrontos com a polícia e as forças de segurança não se fizeram por esperar.

A Mesa Inter-Religiosa do Chile lamenta que a violência tenha ocupado espaços importantes do debate nacional, ultrapassando os limites do respeito à dignidade humana e do amor ao próximo. “Acreditamos – afirmam – que é justo e necessário fazer um apelo para que sejamos capazes de voltar a olharmo-nos nos olhos, sem ódio, para recuperar a tão almejada paz que desejam as famílias que vivem no Chile”.

Em particular, os representantes das diferentes confissões religiosas chilenas expressam sua solidariedade à Igreja Católica diante dos ataques a dois templos que foram incendiados na última semana: “Com dor, há poucos dias, vimos como espaços destinados ao recolhimento, à fé e à espiritualidade foram atacados e incendiados. Neles, não há apenas uma conotação religiosa, mas também uma importância histórica, uma riqueza cultural e uma conexão afetiva com a comunidade”, diz o depoimento. Neste contexto, a Mesa Inter-religiosa rejeita e condena qualquer ação que ameace a vida das pessoas, sua dignidade e liberdade de culto.

Por fim, as diferentes denominações religiosas do Chile, “uma parte viva da história da sociedade chilena”, estão empenhadas em estar presentes como sustento espiritual, consolação e apoio e em promover a unidade e a esperança de um porvir melhor.”

O plebiscito foi proposto como a forma política de acabar com a atual crise social iniciada com as manifestações de outubro de 2019, por um modelo socioeconômico mais justo. Com este referendo, os cidadãos terão também de escolher também o tipo de órgão que irá redigir a eventual nova Carta Magna, uma assembleia composta somente por cidadãos eleitos ou também integrada por deputados.

Em relação às medidas adotadas para prevenir um crescimento nos contágios por Covid-19, as autoridades desenvolveram protocolos de saúde especiais para prevenir a propagação do vírus e horários especiais para votação para idosos. Outras medidas anunciadas são o transporte gratuito no metrô da capital e a flexibilização do horário do toque de recolher que está em vigor desde março último, início da pandemia de Covid-19.

Vatican News Service- ATD

Fonte

Escreva abaixo seu comentário.

Por favor escreva um comentário
Por favor insira o seu nome aqui