O Inepac – Instituto Estadual do Patrimônio Cultural do Estado do Rio de Janeiro esta concluindo a ficha de inventário para o tombamento do Mosteiro de São Bento em Campos ((RJ). O arquiteto Paulo Coutinho esteve em Campos acompanhado da arquiteta Selma Fraiman e a geógrafa Ana Letícia Spindola para a conclusão do processo. A previsão é que o tombamento aconteça ate fim de 2020.
Ricardo Gomes – Diocese de Campos
O Mosteiro de São Bento em Campos (RJ) está em fase de tombamento pelo Inepac – Instituto Estadual do patrimônio Cultural do Estado do Rio de Janeiro. Legado de fé construído pelos monges beneditinos em três séculos de presença é um memorial de fé e de cultura do povo campista. Patrimônio arquitetônico o mosteiro representa um lugar marcado pela memória coletiva dos moradores de toda região. O tombamento em processo é relevante para a preservação do conjunto formado pela Igreja dedicada a Nossa Senhora do Rosário, residência monástica e cemitério.
A presença monástica em Campos em 1648 com a chegada do primeiro religioso da Ordem de São Bento, Frei Fernando que chegou do Rio de Janeiro para receber terras recebidas em doações. Inicia a construção de um legado de fé e de cultura transformando o mosteiro num pólo irradiador de fé e de cultura. Com a chegada de Dom Bernardo Queiroz iniciou o projeto de restauração do conjunto arquitetônico.
A Igreja sofreu um incêndio em 1965 e as imagens de Nossa Senhora do Rosário, São Bento e Santa Escolástica foram destruídas. Parte dos livros de Assentamento de batismo se perderam. Moradores lutaram contra as chamas e o fato entristeceu moradores, mas a memória afetiva nunca morreu nas comunidades formadas pelos monges.
O Diretor do Inepac, Claudio Prado de Melo destaca a importância do tombamento do Mosteiro pela sua importância histórica e um dos prédios históricos do município com um a arquitetura religiosa. E fala um pouco do estilo arquitetônico do prédio construído em etapas.
“O Mosteiro de São Bento em Campos dos Goytacazes é uma típica construção da arquitetura colonial religiosa com dois pavimentos de linhas sóbrias e imponentes. É um prédio dotado de capela e convento contando ainda ao lado desta mesma capela com um cemitério. Em sua fachada principal podem ser vistas portas de madeira almofadada e janelas em madeira tipo guilhotina, com vergas em arco abatido contornadas por cimalha de argamassa. O frontão da capela tem volutas pouco trabalhadas e possui aos seus lados dois pináculos de argamassa. Possui somente uma torre sineira em formato quadrangular, porém com arestas quebradas por outras de muito menores dimensões insinuando uma planta levemente octogonal. A cobertura da torre em tronco de pirâmide de base quadrada tem dispostos em seus quatro cantos mais quatro pináculos, e demais arremates, todos sinalizando para interferência, muito provavelmente, do século XX”, destaca.
O Museólogo Carlos Freitas aponta que a preservação do Mosteiro de São Bento é relevante para o resgate e a preservação da contribuição dos monges na construção da memória da Baixada Campista. E as futuras gerações poderão conhecer o legado de fé e de cultura.
“O Mosteiro de São Bento, sede da Fazenda recebida na partilha de 1648 é um dos poucos remanescentes da arquitetura religiosa brasileira ainda de pé. A área foi ampliada com aquisições e doações ao longo do tempo, sinal da importância dos Beneditinos na Região. Sua preservação torna-se imprescindível para que futuras gerações possam admirá-lo e percorrer seus espaços para ter a noção do que poderia ser viver num espaço assim construído. Louvo o empenho para sua restauração, que é obra de grande envergadura e custosa. O porvir agradecerá”, avalia Freitas.
A Diretora do Arquivo Municipal Waldir Pinto de Carvalho, Rafaela Machado destaca a importância da preservação do Mosteiro e a necessidade do resgate e preservação da historia social e religiosa da Baixada Campista. O tombamento tem esse aspecto do cuidado com a preservação da arquitetura original.
“O tombamento pelo INEPAC do Mosteiro de São Bento, representa o reconhecimento em âmbito estadual da importância deste relevante patrimônio localizado na nossa Baixada campista. O Mosteiro de São Bento é, certamente, um marco do início do processo de ocupação da região Norte Fluminense e símbolo da presença dos religiosos em Campos. O INEPAC vem fazendo um bonito trabalho de reconhecimento e valorização do nosso patrimônio ao realizar o tombamento de vários desses edifícios que precisavam de olhar mais atento e mais valoroso, como é o caso do Mosteiro de São Bento. Certamente, com o tombamento pelo INEPAC, o Mosteiro de São Bento passa a receber o reconhecimento que lhe era devido”, ressalta Rafaela.
As lutas pela preservação
A luta para a restauração do Mosteiro de São Bento foi iniciada em 2013. No tempo as chuvas causaram danos com a queda da cruz sobre o altar causando danos. Foi mantido com o Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro no sentido da preservação do patrimônio. O conjunto é tombado pelo Conselho de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural de Campos (Coppam), que vinha alertando sobre a necessidade de obras estruturais emergenciais. Em 2018 foi iniciada a restauração do prédio, iniciando pela Igreja. Na opinião de Dom Bernardo Queiroz o Mosteiro campista é uma das mais imponentes construções do Século XVII e precisa ser preservado.
“Falar do Mosteiro de São Bento em Campo dos Goytacazes, 372 anos é falar de uma longa historia religiosa em Campos registrada no coração de todas as pessoas da Baixada Campista. Nestes séculos de historia na historia dos campistas”, revela Dom Bernardo.
A Diretora do Museu Histórico de Campos, Graziela Escocard Ribeiro relata que a história de uma cidade pode ser contada de diversas formas: através de livros, fotografias, pinturas, ilustrações, jornais antigos. Mas nada representa mais a memória viva de um município do que seus patrimônios históricos e culturais. Em qualquer cidade do mundo, os prédios históricos são de fundamental importância para a população. O Mosteiro marca a presença dos monges beneditinos na região da Baixada Campista. O prédio é considerado um dos mais antigos da região Norte Fluminense
“Por isso, a importância do tombamento, que é um ato de reconhecimento do valor histórico, artístico ou cultural de um bem, transformando-o em patrimônio oficial público. É o Mosteiro de São Bento, precisa deste reconhecimento, para a conscientização da população, acerca de sua história e memória, que remota os monges beneditinos, responsáveis pela sua construção no final do século XVII, patrimônio esse visitado até pelo Imperador Dom Pedro II, em 1847”, conta Graziela.
Fotos: Silvana Rust (Jornal Terceira Via- Campos)