Segundo Joseph Ratzinger, “o homem, na sua totalidade, inclui a dimensão temporal. Além disso, o “sim” de um ser humano supera o conceito do tempo. Na sua integridade, o “sim” significa: “sempre”. Este constitui o espaço da fidelidade. A liberdade do “sim” faz-se sentir como uma liberdade diante do definitivo. O amor não é necessariamente sujeito à degradação do tempo, como as coisas que se desgastam e perdem pouco a pouco suas energias. O tempo pode ajudar o crescimento, o amadurecimento diante de Deus, a fazer do amor um compromisso mais sério e profundo”.
Certa vez, escutei uma interessante promessa de esposos com idades avançadas: “Eu te amo mais do que ontem, porém, menos do que amanhã”. A felicidade da serenidade, de um testemunho que possui a sabedoria dos anos, descobre-se em tantos matrimônios de pessoas anciãs nas quais conservam o frescor e a ternura confirmados no tempo.
Em virtude da doação total compreende-se melhor a exigência da indissolubilidade que liberta e protege o amor e que não é uma prisão ou empobrecimento. É falsa a afirmação de que o matrimônio é a tumba do amor e que o definitivo, a sua indissolubilidade, prive o amor da sua espontaneidade e do seu dinamismo. Essa mentalidade leva, sem dúvida, a uma cultura da precariedade, na qual a palavra se esvazia e é, portanto, superficial até a irresponsabilidade. Não tolera o peso da verdade que não é caprichosa e mutável como o faz um falso amor que engana. A possível ausência ou debilitação de fato nas manifestações do amor conjugal não destroem as propriedades e a tendência natural, mesmo se podem obstaculizar, pois umas e outras reclamarão sempre de serem vivificadas pelo amor conjugal.