Filho: o dom mais excelente – 3ª parte

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Uma análise penetrante entre a união dos esposos e a procriação dos filhos nos mostra que o significado essencial do ato conjugal, de união e procriação, exprime respectivamente a essência e o fim do matrimônio. Se o amor que leva os esposos à doação, formando uma só carne, realiza-se “na verdade”, em vez de fechá-los em si mesmos, abre-os a uma nova vida, a uma nova pessoa.

A vida conjugal comporta uma lógica de doação sincera ao esposo ou à esposa e aos filhos. A lógica de entrega total de um ao outro conduz a uma potencial abertura à procriação. A capacidade desta entrega, ou cresce e amadurece com o próprio exercício durante toda a vida conjugal, ou fica inibida pelo egoísmo no qual as situações possuem a tendência a diminuir o dinamismo da verdade que a doação própria possui. Uma das principais manifestações deste egoísmo – egoísmo, não só em nível individual, mas também em nível de casal – é o que vê a procriação não como exigência da verdade do amor conjugal, mas como fruto gratificante e escolha voluntária acrescentada ao amor. No conceito da entrega não está inscrita somente a livre iniciativa do sujeito, mas também a dimensão do dever.

Um amor conjugal que não abraça a dimensão procriativa, própria da sua verdade íntima, acaba assemelhando-se ao assim chamado “amor livre”, muito mais perigoso, pois apresentado como fruto de um sentimento “verdadeiro”, enquanto na realidade destrói o amor. Por isto, a recusa à abertura aos filhos contribui hoje fortemente a minar e arruinar a doação conjugal. Não se trata, pois, como sempre acontece pela fragilidade humana, de atos ou de períodos nos quais os cônjuges foram fracos para viver com coerência as exigências de sua paternidade ou maternidade em circunstâncias difíceis ou especialmente heroicas.

Atualmente, muitas uniões conjugais provocam sua própria destruição mudando as coordenadas da doação. No momento do ato conjugal, o homem e a mulher são chamados a confirmar de maneira responsável o recíproco dom que fizeram de si mesmos com a aliança matrimonial. Agora, a lógica da entrega total de um ao outro comporta a potencial abertura à procriação. Quando se rejeita a capacidade do esposo ou da esposa de ser pai ou mãe, aquele dom não respeita as exigências do amor conjugal; por isso que é essencial a uma verdadeira civilização do amor, que o homem sinta a maternidade da mulher, sua esposa, como um dom.

Fonte: Artigo sobre “Família: Dom e Compromisso, Esperança da Humanidade” do Cardeal Alfonso Lopez Trujillo.

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