Igreja de Campo Grande trabalha na formação de agentes para prevenção ao suicídio

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O projeto, que compreende cursos de capacitação à distância e Ministério da Escuta, ainda está em fase embrionária, adianta o arcebispo de Campo Grande, Dom Dimas Lara Barbosa. O objetivo, porém, é motivar ainda mais para a uma Igreja samaritana, como inspira a Campanha da Fraternidade deste ano no Brasil.

Andressa Collet – Cidade do Vaticano

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O Ginásio Poliesportivo Dom Bosco, em Campo Grande, recebeu cerca de 5 mil fiéis neste domingo (1) para a missa de abertura oficial da Campanha da Fraternidade. Neste ano, o tema é inspirado na parábola do Bom Samaritano, narrada no Evangelho de Lucas, para motivar as pessoas a ter compaixão e a agir.

Dom Dimas Lara Barbosa, arcebispo de Campo Grande, que presidiu a celebração,  encorajou as comunidades a olhar para as periferias existenciais, como sempre insiste o Papa Francisco, e agir concretamente através das diversas atividades das pastorais sociais.

“A nossa opção foi incentivar a cada comunidade, a cada paróquia, a escolher uma das pastorais sociais – ou mais, se preferirem – de acordo com a realidade de cada uma delas. Nós temos pastorais sociais já bem desenvolvidas, como é o caso da Pastoral da Criança, do Menor, da Saúde, Carcerária, da Pessoa Idosa. E nós queremos, então, que essas pastorais possam ser mais focadas e desenvolvidas nas diversas comunidades e paróquias. Que cada comunidade possa, segundo o lema da Campanha da Fraternidade, parar, ver, sentir compaixão e cuidar daqueles que mais precisam.”

Formar multiplicadores na prevenção ao suicídio

Na capital do Mato Grosso do Sul, em nível diocesano, a Igreja vai promover ações de prevenção ao suicídio. Uma delas é a promoção  de cursos de capacitação, inclusive como o modelo de Educação à Distância, para formar agentes que trabalhem na prevenção ao suicídio, dando continuidade ao projeto iniciado ainda em 2018.

“Como projeto diocesano, nós queremos dar continuidade a um trabalho já iniciado na Campanha de 2018 que tratou da superação da violência. Naquela ocasião, nós havíamos montado 11 grupos de trabalho pensando na superação da violência contra a criança, contra a mulher, contra a pessoa idosa, a questão do narcotráfico, do crime organizado, a violência contra os povos indígenas, a violência racial e um grupo particularmente novo na nossa região ganhou corpo que é o que pretendia trabalhar a prevenção contra o suicídio, que hoje é praticamente uma epidemia mundial. O Mato Grosso do Sul, até recentemente, tinha o segundo lugar no Brasil em índices percentuais; agora diminuiu um pouco, passou para terceiro lugar, mas, mesmo assim, o índice ainda é muito muito alto. Então, 2018, nós tivemos a oportunidade de promover vários cursos de prevenção ao suicídio, inclusive contando com a participação do pastor Reis, da Igreja Batista, que há 17 anos já realiza esse tipo de formação na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Uma pessoa muito aberta ao ecumenismo, que está cedendo todo o material que acumulou durante todos esses anos. Ele também é capelão-bombeiro. De modo que agora nós queremos incentivar ainda mais na formação de agentes que possam estar trabalhando e sendo multiplicadores na prevenção do suicídio. E mais ainda: nós queremos criar um curso de Educação à Distância, modelo EaD, portanto, para formar pessoas que possam estar colaborando nessa prevenção ao suicídio em qualquer canto do Brasil que assim desejarem. Esse curso, naturalmente, será aberto a qualquer pessoa que queira. A prevenção de suicídio não é típica de católicos.”

Ministério da Escuta 24h por dia

A Arquidiocese está implementando a Pastoral Prevenção ao Suicídio. Quem quiser participar como voluntário, pode se inscrever em link disponível no próprio site, onde se encontra também endereço de e-mail e contato telefônico para outras informações.

Os suicídios, segundo especialidades no tema, são mais do que fatalidades. Pesquisas acadêmicas revelam que pelo menos 90% dos adolescentes que se matam têm algum tipo de problema mental que varia da depressão, a principal causa para suicídios nessa faixa etária, passando pela ansiedade, violência ou vício em drogas. O Ministério da Escuta, um serviço de acolhida também a esses problemas, será criado em Campo Grande, como antecipa Dom Dimas.

“Mas, queremos dar também uma matriz, um rosto especificamente católico e cristão para o Ministério da Escuta que nós pretendemos criar. Já estamos também com a grade bastante avançada e a ideia é ter centros de referência onde as pessoas possam encontrar ali, voluntários que, 24 horas por dia, estarão disponíveis para ouvir a qualquer um que venha simplesmente para desabafar, para falar das suas angústias. Naturalmente essas pessoas terão que ter feito o curso de prevenção ao suicídio, mas elas vão além, porque elas deverão ouvir também pessoas que tenham problemas familiares, violência doméstica e muitas outras coisas que não estão levando necessariamente a uma ideia à ação suicida, mas podem estar levando a angústias muito sérias, simplesmente por não terem com quem partilhar.”

“Ainda é um projeto embrionário, mas com a graça de Deus queremos dar passos significativos. Queremos nós mesmos nos tornarmos uma Igreja Samaritana para levar outros a parar, ver, compadecer-se e cuidar de quem precisa.”

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