O Apóstolo Paulo foi um bom intérprete da Sagrada Escritura. Ele procurava ter nos olhos a fé em Jesus Cristo, pois, assim ele diz, é só pela conversão a Jesus que o véu cai e que a Escritura nos revela o seu sentido e nos comunica a sabedoria que leva à salvação. Paulo falava de Jesus crucificado, escândalo para uns e loucura para outros, mas para nós expressão da sabedoria de Deus. Foi a fé em Jesus que lhe abriu os olhos para perceber a Palavra viva no meio dos pobres da periferia de Corinto, onde a loucura e o escândalo da cruz estavam confundindo os sábios e os poderosos deste mundo. Paulo se libertou da prisão da letra que mata e descobriu o sentido que o Espírito de Jesus nos comunica. Ele interpretava a Bíblia a partir dos problemas do povo das comunidades por ele fundadas e dizia que a própria comunidade era uma carta de Cristo. Paulo se considerava destinatário da Bíblia: “Tudo foi escrito para nossa instrução, para nós que vivemos neste final dos tempos”.
Ao fazer a Lectio Divina, tenha bem presente que o texto da Bíblia não é só uma janela por onde você olha para saber o que aconteceu com os outros no passado; é também um espelho, um símbolo, onde você olha para saber o que está acontecendo com você. A Leitura Orante diária é como a chuva que vai fecundando o terreno. Entrando em colóquio com Deus e meditando a sua Palavra, você cresce como árvore plantada à beira dos córregos. Você não vê o crescimento, mas percebe o resultado no encontro renovado consigo, com Deus e com os outros.