Nas palavras de Frei Francesco Patton, o caloroso encontro com as comunidades locais e com os frades que acolhem todos os dias as pessoas atingidas pelo terremoto na Síria.
Lurdinha Nunes- Christian Media Center – Jerusalém
Damasco, Alepo, Latakia: a visita de Fr. Francesco Patton, Custódio da Terra Santa, à Síria, durou dez dias.
Fr. FRANCESCO PATTON- Custódio da Terra Santa
Encontrei uma realidade muito provada, porque 12 anos de guerra já haviam atingido duramente a Síria e eu diria especialmente algumas áreas da Síria. Em Alepo, onde estamos, a força da guerra ainda está muito visível. Parte da cidade que já havia sido atingida pelos bombardeios, agora é um monte de escombros. Arrisco dizer que nos vilarejos do Vale do Orontes, coisas piores aconteceram, porque ali as estruturas haviam resistido à guerra: Em Knayeh, Yacoubieh… o terremoto derrubou as casas e danificou gravemente as nossas igreja e conventos”.
Fr. FRANCESCO PATTON- Custódio da Terra Santa
O que eu vi então, além da destruição, foi o grande trabalho de acolhida que os frades da Custódia realizaram, porque no momento da emergência, portanto nas primeiras semanas, no Terra Santa College de Alepo, eles chegaram a receber até 6.000 pessoas, abrigando-as da melhor maneira possível, fornecendo um colchão, um cobertor, uma refeição quente, o que fosse possível. Atenderam a todos: cristãos e também muçulmanos. E eu diria que isso também trouxe como consequência, uma união mútua de ajuda de outros cristãos e outros muçulmanos. Paradoxalmente, o maior desafio não é o material: o maior desafio é vencer o medo”.
Fr. Patton, como Custódio, é o ministro provincial, ou seja, o superior dos Frades menores que vivem em todos os lugares onde está presente a Custódia da Terra Santa, inclusive na Síria. Seu olhar traz o reflexo de todos os “seus” frades.
Os freis trabalharam intensamente, não apenas para suprir as necessidades materiais, mas também para consolar e tranquilizar as pessoas.
Fr. FRANCESCO PATTON-Custódio da Terra Santa
“Expressei claramente minha proximidade com os frades, porque acredito que se eles estão em um contexto perigoso, difícil, exigente, receber a visita de um superior, de um ministro, é algo que encoraja. Expressei a eles explicitamente a minha gratidão, mas sobretudo exprimi a minha gratidão ao Senhor, porque me alegra ver que os frades vivem como frades, ou seja, que os frades fazem o que o Senhor nos pede no Evangelho e o que São Francisco nos indicou: por isso, por um lado, procurem viver em fraternidade também nestes contextos tão difíceis e, por outro, procurem ser – como nos disse São Francisco – ” súditos de toda criatura humana a serviço de todos por amor a Deus”.
A poucos dias da Semana Santa, o Custódio lança um apelo para a Coleta da Sexta-Feira Santa, cujos recursos serão utilizados também para esta emergência
Fr. FRANCESCO PATTON- Custódio da Terra Santa
A Sexta-Feira Santa deve ser um momento em que todos os cristãos do mundo se sintam motivados à solidariedade. Sabendo que o que nos é dado através dessa arrecadação será usado para as obras às quais a Coleta da Terra Santa está conectada, portanto, também para a manutenção dos Lugares Santos, para permitir que cristãos locais e peregrinos de todo o mundo, façam a experiência do quinto Evangelho, do encontro com os Lugares Santos e a renovação da própria fé. Depois, a coleta serve naturalmente para apoiar as atividades pastorais: nas paróquias que estão espalhadas pelo Oriente Médio. Certamente, também é utilizada para apoiar as obras sociais (como escolas, lares para idosos, hospitais). Por fim, para suporte às emergências. E o terremoto é claramente uma emergência. A guerra é uma emergência. Refugiados e migrantes também são uma emergência, mas são uma emergência que agora parece estar mais ou menos estável, mas também fazem parte do nosso compromisso diário.