Dom Leonardo na Missa dos Santos Óleos: “Somos o hoje da missão de Jesus”

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Dom Leonardo fez um chamado a “escutar o hoje, o hoje do envio, o hoje da unção, o hoje da missão, o hoje do Espírito.

Padre Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

A Arquidiocese de Manaus reuniu-se na Catedral da Imaculada Conceição na manhã da Quinta-feira Santa para celebrar a Missa dos Santos Óleos, momento em que o clero renova as promessas sacerdotais e os óleos que serão usados ao longo do ano nas paróquias, áreas missionárias e comunidades são consagrados.

Uma celebração em que a Igreja nos oferece “o encontro de Jesus com a Palavra e a Palavra a revelar-lhe a missão”, segundo o cardeal Leonardo Steiner. O Arcebispo de Manaus afirmou que “a Palavra do Pai que se escuta na palavra do Povo de Deus”, lembrando que “as leituras nos convidam a renovar nesta celebração as nossas promessas presbítero-sacerdotais”.

Seguindo a passagem do Evangelho, o Dom Leonardo fez um chamado a “escutar o hoje, o hoje do envio, o hoje da unção, o hoje da missão, o hoje do Espírito. O passado que se faz um hoje. O porvir no acontecer do hoje. O que dá sentido é o hoje. É no hoje que a vida e a missão de Jesus, se faz Reino de Deus. E Jesus lê e se lê na Escritura, por isso assume no hoje a sua missão. Descobre-se missão no hoje da leitura. O hoje que passa a ser o anúncio do Reino de Deus”.

Em palavras do cardeal, “a razão de ter-se feito humanidade, fraqueza, presença, proximidade é o hoje do Reino que é Ele mesmo”. Ele destacou “o hoje do Espírito! Ungidos pelo Espírito, no Espírito. E continua a ungir, pois Ele está ‘sobre mim’”, lembrando a primeira leitura. Um Espírito que “está, pois veio, tocou, penetrou com sua força e suavidade e agora permanece sobre, como a nuvem a guiar o Povo de Deus, o povo eleito no deserto”. Isso levou Dom Leonardo a questionar: “nos damos conta de que o Espírito está sobre nós, nos deixarmos tocar, guiar, iluminar pelo Espírito que foi invocado sobre nós?”, afirmando que “sim, o hoje do Espírito Santo! Ele não é passado, porvir: Ele está, permanece sobre, pronto a guiar e a fecundar a missão recebida. A missão no hoje do Espírito”.

Ainda sobre a primeira leitura, ele destacou a afirmação que faz: “ungidos pelo Espírito”. É “o hoje da unção. Ungidos com o óleo do Crisma, sobre o qual foi invocado o Espírito Santo e que hoje invocaremos sobre o óleo que nos ungiu. O Espírito que unge, está ungindo sempre. Uma unção do hoje. Sempre ungidos no hoje de nossa vida e missão.  A unção recebida para ungir. A unção de um hoje que é para ungir, untar”.  Uma unção que, lembrando palavras do Papa Francisco, “consagra para o anúncio. Uma unção que proclama uma pertença, uma benevolência”, e junto com isso, “a unção convida-nos a acolher e cuidar deste grande dom: a felicidade, o júbilo sacerdotal. A felicidade do sacerdote é um bem precioso tanto para si mesmo como para todo o povo fiel de Deus”, uma felicidade sacerdotal que “tem a sua fonte no Amor do Pai”.

“Uma missão que recebemos que sempre se faz hoje. O nosso hoje é a missão. Missão nos faz ser hoje: renova, matura, eterniza, faz Reino de Deus. Somos o hoje da missão de Jesus. Aquela completude e realização em Jesus que continua na missão recebida. O hoje da missão que devolve a liberdade e a esperança aos amarados, amordaçados, desesperançados; o hoje que desperta o abrir olhos, horizontes, o ver a obra da salvação. O hoje, sempre hoje da proclamação da graça, da beleza, da liberdade que Deus oferece a toda a humanidade”, refletiu o Arcebispo de Manaus.

O hoje do Reino que transforma tantas realidades, que é “o hoje extraordinário da vida do irmão, da irmã que recebe no hoje a vida do Reino. É que em cada gesto, em cada olhar, em cada presença, em cada silêncio, em cada palavra há salvação, sanação, redenção. Um hoje transformativo”, segundo o cardeal. Um hoje que também vê como envio, “enviados, caminhantes, procuradores, estradeiros, remadores, navegadores, homens das águas. Como aos apóstolos, o Espírito envia. O hoje sem retorno, sem retrocessos, sem volta, sem olhar para atrás. O hoje do envio que nos encanta, concede bom ânimo, disposição e disponibilidade. Na graça de proclamar que somos amados por Jesus, que por seu sangue nos libertou dos pecados e que fez de nós todos um reino, sacerdotes para o Pai. Um envio que glorifica, bendiz”, lembrando as palavras do Apocalipse na segunda leitura.

Se dirigindo ao clero, Dom Leonardo lembrou que “hoje renovamos a felicidade do dia da nossa ordenação presbiteral. A felicidade que nos ungiu para estar a serviço do Povo de Deus; a felicidade incorruptível que integra e torna íntegros, verdadeiros, transparentes, e a felicidade missionária que irradia para todos e a todos atrai, nos ensina Papa Francisco”. Lembrando os sinais da liturgia da ordenação, Dom Leonardo lembrou que “nos falam do desejo materno que a Igreja tem de transmitir e comunicar tudo aquilo que o Senhor nos deu”, recordando os diferentes símbolos e afirmando que “fomos ungidos até aos ossos… e hoje da unção desperta a felicidade, que brota de dentro, é o eco a unção recebida. A felicidade que unge como um hoje, não como um passado longínquo, distante, de sonhos passados, mas como presença alentadora, transformadora de vida e do ministério”.

“A Unção do Espírito que se manifesta por sinais”, segundo o cardeal. Ele lembrou que “os óleos serão introduzidos na comunidade e pela comunidade celebrante. A palpabilidade do Espírito que unge nos óleos que a Igreja nos oferece e que hoje são benzidos e o óleo que será consagrado”, explicitando o sentido de cada um dos óleos: enfermos, que é “a inovação do consolo, do alívio das dores na nossa finitude humana; dos catecúmenos, “para ser fortaleza e proteção aos renascidos em Cristo, aos revestidos de Cristo”; do Crisma, “para consagrar, santificar o Povo de Deus”.

Dom Leonardo agradeceu “aos irmãos presbíteros que ungem o Povo de Deus nas nossas periferias, junto às pequenas comunidades distantes da cidade”, também “aos presbíteros que servem as nossas comunidades com atenção aos doentes e necessitados, aos presbíteros que seguindo os passos de Jesus curam e consolam as feridas da alma e do corpo”, pela sua dedicação, disponibilidade. Também agradeceu aos diáconos, à vida consagrada e todos os irmãos e irmãs que ungem o Povo de Deus com o serviço da anim ação, do consolo e da caridade pastoral”, insistindo em que “somos uma família de Deus que caminha unidade, a família a caminho”.

Nos óleos, o Cardeal Steiner disse perceber que “o Espírito Santo está sempre conosco, o Pai não nos deixa sós, Jesus está no meio de nós. Os óleos, a unção, nos indicam a presença amorosa que a Igreja, hoje, maternalmente recorda e afirma”. Por isso, ele insistiu em que “o espírito Santo nos conduzirá no caminhar juntos, no caminho juntos, ‘no juntos a caminho’, na sinodalidade”.

Finalmente, Dom Leonardo insistiu em que “os óleos, as unções, visibilizarão o Reino novo; as nossas comunidades no hoje da unção serão presença do Evangelho, o hoje do Reino, pois os pobres são acolhidos, os feridos no corpo e no espírito são cuidados, os violentos são reconciliação, apaziguados. No hoje da palpabilidade do Reino assumirmos nossa vocação e missão de discípulos missionários, de discípulas missionárias. Possamos ser o hoje do Reino anunciado por Jesus, pois enviados pelo Espírito Santo”.

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