O Papa Leão XIV, na audiência geral (6 agosto 2025), marca o seu afeto e afeição, pelos países de língua portuguesa, ao fazer a saudação, de maneira especial, em Português, e adverte sobre o dia de oração pelos cristãos que são perseguidos dentro e fora da Igreja.
Diác. Adelino Barcellos Filho – Diocese de Campos/RJ.
O Sumo Pontífice enfatizou o 80º aniversário do bombardeio atômico de Hiroshima, e em três dias, o de Nagasaki. “Rezo pelos que sofreram os efeitos físicos, psicológicos e sociais. Esses eventos trágicos alertam universalmente contra a devastação das guerras e armas nucleares”.
No dia em que celebramos a Transfiguração do Senhor, somos convidados a contemplar a sublime auto-revelação de Deus — não apenas como um ser distante e inatingível, mas como o próprio Amor encarnado, o Deus irmão que se aproxima da humanidade a nos revelar o Pai – “Paizinho querido” – “Paizinho amoroso”.
Este evento divino transcende as barreiras do tempo, pois a sua mensagem de esperança e grandeza “presentifica-Se” – no sentido de tornar presente e atuante – o passado, o presente e o porvir.
Nele, vislumbramos a plenitude da divindade manifestada na fragilidade humana, um vislumbre da grandeza que aguarda a todos que seguem os Seus passos. A Transfiguração é um convite à reflexão sobre a nossa própria jornada de confiança em Deus, onde somos chamados a nos transformar pela Graça divina, refletindo a luz de Jesus Cristo em um mundo que tanto necessita dela.
O bombardeio atômico de Hiroshima constituiu um evento que alterou permanentemente o curso da história da humanidade. Em apenas três dias, seremos compelidos a rememorar o bombardeio de Nagasaki, uma subsequente tragédia que se desenrolou com velocidade aterradora. Somos convocados à união dos católicos, em oração por todos aqueles que sofreram os efeitos devastadores desses ataques, seja em seus corpos, em suas mentes ou em suas vidas sociais.
Cicatrizes físicas persistem em muitos, enquanto feridas psicológicas e traumas sociais se estendem por gerações, impactando famílias e comunidades. Embora oito décadas tenham transcorrido desde aqueles dias fatídicos, esses trágicos acontecimentos permanecem como um alerta universal e pungente.
Eles nos recordam a incalculável capacidade destrutiva das guerras, que ceifam vidas inocentes, destroem lares e fragmentam sociedades. De forma ainda mais contundente, servem como uma advertência solene contra a proliferação e o uso de armas nucleares – instrumentos de aniquilação em massa que ameaçam a própria existência da civilização.
Que a memória de Hiroshima e Nagasaki nos inspire a um compromisso renovado com a Paz, o colóquio e a resolução pacífica de conflitos, para que jamais voltemos a testemunhar tamanha devastação. O conflito armado pode ser interpretado como o uso indevido da liberdade humana e uma completa ausência de inteligência, clamando ao Trono de Deus, Fiel à Sua própria liberdade e que a Ele não cabe a negligência.
Espero sinceramente que, no intrincado cenário global de hoje, lamentavelmente caracterizado por tensões avassaladoras e conflitos sangrentos que dilaceram comunidades e nações, a frágil e ilusória segurança que se apoia na ameaça constante da destruição recíproca seja finalmente abandonada.
Que essa mentalidade antiquada e perigosa dê lugar, de forma irreversível e inquestionável, à adoção e primazia de instrumentos de justiça verdadeiros e imparciais, à prática contínua e inclusiva do colóquio construtivo e, acima de tudo, à confiança inabalável na fraternidade humana como alicerce para a paz duradoura, que só é possível através do Santíssimo Salvador.
Somente mediante a promoção ativa dos valores fundamentais, inerentes ao amor, perdão, compaixão, justiça e integridade, bem como à importância da família, da solidariedade, da ética e da justiça social, poderemos aspirar a um porvir no qual a coexistência pacífica e a cooperação prevaleçam sobre a hostilidade e a aniquilação mútua, edificando um mundo mais justo, seguro e solidário para as vindouras gerações.
Prezados irmãos, imploremos a proteção da corte celeste sobre todos os recantos da Terra, para que sejamos cada vez mais guardados no Coração de Deus e no Imaculado Coração de Maria. Estes são os tempos da grande batalha entre a “Mulher revestida do Sol” e o dragão vermelho, clamando o triunfo divino em mim e em você.
Portanto, empregamos todas as ferramentas que Deus nos providenciou, conforme nos recorda Paulo na Epístola aos Efésios (6): “irmãos, fortalecei-vos no Senhor, pelo seu soberano poder. Revesti-vos da armadura de Deus, para que possais resistir às ciladas do demônio. Pois não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas contra os principados e potestades, contra os príncipes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal (espalhadas) nos ares”.
“Tomai, portanto, a armadura de Deus, para que possais resistir nos dias maus e manter-vos inabaláveis no cumprimento do vosso dever. Ficai alerta, à cintura, cingidos com a Verdade, o corpo vestido com a couraça da justiça,e os pés calçados de prontidão para anunciar o Evangelho da paz.”
Permitamos o seguimento do Caminho do sofrimento, em comunhão com o Santíssimo Salvador. Certamente surgirão dificuldades; no entanto, a grandeza da ressurreição somente será alcançada através da Cruz, mantendo-se a confiança e a esperança.
O Pai, por intermédio do Filho Jesus Cristo, concede-nos sempre o Espírito Santo, fonte de Luz e Força, para que possamos apreender nossa excelsa missão, a qual é a própria Missão de Jesus Cristo (Santíssimo Salvador), em nós.
Torna-se imperativo que nos tornemos também arautos de uma mensagem de conforto e esperança para os desprovidos de fortuna, com especial atenção aos mais humildes, marginalizados e àqueles que carecem de amparo, por padecerem no corpo ou na alma.
Habitualmente, afirmamos que o Caminho é trilhado em peregrinação ao lado de Nossa Mãe Celestial, a qual intercede e instrui: “Fazei o que Ele vos disser” (João 2). Certamente ela diria “meus filhos prediletos, vós mesmos sereis, então, no mundo, luz imaculada que triunfará sobre as trevas do mal e do pecado. Eu sou para vós Mãe, Mestra e Rainha: Minha Missão Materna é de fazer viver Jesus em cada um de vós até a sua plenitude. Tende sempre confiança, em toda circunstância. Estou ao vosso lado. Confiai. Coragem”.
Divino e Santíssimo Salvador Jesus,
Dignai-Vos lançar um olhar de misericórdia sobre Vossos discípulos e missionários que, unidos em confiança, reparação e amor, vêm chorar a Vossos pés suas infidelidades e as de seus irmãos, os pobres pecadores. Assim seja!