O consentimento é o elemento indispensável que constitui o matrimônio, é o dom que os futuros esposos se oferecem reciprocamente numa acolhida livre e explícita (CIC 1626). Este “ato pelo qual os esposos se dão e se recebem” (CIC 1627) deveria ser expresso na fórmula que todo casal deveria saber de memória e exprimir de forma pessoal e significativa.
Poderia dizer-se que a insistência da Igreja numa adequada preparação ao matrimônio, nas diferentes etapas, busca assegurar que o “sim” dos esposos tenha toda sua segurança e densidade (CIC 1632), já que está na base dos bens e das exigências do amor conjugal. Ali se encontra a chave da felicidade, como exprime a bênção nupcial do ritual: “que encontrem a felicidade doando-se um ao outro”. A celebração litúrgica deve expressar tudo que representa esta recíproca entrega entre os esposos, a Igreja e Deus, com este amor derramado em seus corações.
O dom dos esposos, pontual e permanente, que supõe e exprime uma liberdade madura, com a forma canônica do ministro que recebe o consentimento em nome da Igreja, “exprime visivelmente a realidade eclesiástica do matrimônio” (CIC 1630; 1631), um compromisso público, com o “vínculo estabelecido por Deus” (CIC 1640), vínculo irrevogável que exige fidelidade entre os esposos, e do casal a Deus, fiel no que dispõe a Sua sabedoria. Cristo está presente no coração da liberdade humana, com a sua poderosa continuidade, num ato renovado quotidianamente, com o qual os esposos são “quase” consagrados (GS 48).
O casal não pode alcançar sua felicidade e plenitude fora desta verdade que enriquece o sentido de sua liberdade. Os esposos entregam-se reciprocamente em Cristo, que vai na direção deles oferecendo as energias necessárias para superar as limitações de uma liberdade vulnerável, necessitada, permitindo, assim , aos mesmos, expressar com sinceridade: “Eu… te recebo… como esposo(a) e prometo ser-te fiel… por todos os dias de minha vida”. Estas palavras que acompanham as mãos dos esposos que se cruzam, estão carregadas de significados e devem advertir aos mesmos sobre os riscos de uma traição do amor, que o mundo apresenta como um direito ou até mesmo como uma libertação. Assim, a palavra torna-se inexpressiva e o gesto vazio, insignificante.