A Fé numa situação de mudança de época – 3ª parte

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Na complexidade da maravilhosa tecnologia do mundo atual, não podemos caracterizar a Doutrina da Fé como algo pertencente ao mundo das ideias, questões meramente intelectuais. E as questões relativas à Ação Pastoral, como pertencentes ao mundo real. Precisamos vencer a apatia e, às vezes, o desinteresse, que existe em relação aos temas sobre a fé. Difunde-se, hoje, a ideia de que estamos na era da “pós-verdade”. Isto faz parecer que, diante das ideologias atuais, a fé não tem mais contribuição alguma a dar. A fé cristã é histórica e se nutre da Verdade Revelada. Como anunciar a verdade de Jesus Cristo em tempos de relativismo e de notícias falsas em que a mentira ganhou relevância? Como dialogar com a realidade que nos cerca sem perder a fé, sem ignorar o conteúdo da fé?

Assim como na Igreja dos três primeiros séculos, estamos numa situação de testemunho profético, exigente. Não serve a opção pelo conformismo e a indiferença. A fé é um “bem comum de todos os fiéis”, a começar dos pobres, por isso proteger a fé e propor a fé em toda sua beleza é uma obra social a favor de todo o Povo de Deus. E isto cabe, sobretudo, aos pastores, que devem garantir o anúncio e a transmissão da fé, de modo adequado. A Igreja e os fiéis esperam dos pastores, além da unidade, uma palavra capaz de sustentar o testemunho do Povo de Deus e a ação evangelizadora missionária da Igreja em meio a esta crise de época.

Torna-se cada vez mais claro que estamos diante de uma metamorfose social em curso, que vai gerar, consequentemente, uma mudança eclesial profunda, talvez não tão positiva como gostaríamos. O momento não serve para buscarmos respostas cultivando otimismo ingênuo sobre o porvir da Igreja, mas, ao contrário, mais do que nunca, precisamos do retrato concreto da realidade, por mais amarga que seja a perspectiva.

A ausência de Deus, própria da crise de fé que vivemos, resulta diretamente numa crise antropológica. A questão que temos diante de nós, portanto, é mais complexa do que simplesmente buscar ou dar respostas pontuais para problemas específicos, seja do ponto de vista político, eclesial ou pastoral. Alguns são da opinião que só um novo humanismo poderá dar respostas à profunda crise de sentido, que o ser humano hoje experimenta, e que o lança no poço do relativismo ética e do niilismo existencial.

(Artigo sobre a Fé numa situação de mudança de época, de D. Pedro Cipollini – 5ª Parte)

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