A participação ativa dos fiéis leigos

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“A permissão do uso da língua vernácula já trazia a possibilidade dessa participação mais ativa e consciente, bem como a renovação dos ritos, das aclamações e dos cantos mais populares.”

Jackson Erpen – Vatican News

No nosso espaço Memória Histórica – 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos falar hoje sobre “participação ativa dos fiéis leigos”.

Em nosso último programa, padre Gerson Schmidt* nos propôs uma reflexão sobre o sacerdócio dos cristãos, que pelo batismo são chamados a ser sacerdotes, reis e profetas. Dando continuidade ao estudo dos documentos conciliares, o sacerdote incardinado na Arquidiocese de Porto Alegre amplia o tema sobre “a participação ativa dos fiéis”:

“Um dos aspectos importantes da reforma litúrgica do concilio Vaticano II é a participação ativa dos fiéis leigos. Já comentamos aqui em outra oportunidade, mas queremos acentuar mais uma vez esse aspecto tão relevante. A participação mais ativa e consciente foi acentuada por diversas vezes na constituição dogmática Sacrosanctum Concilium. Os bispos brasileiros que tiveram participação no concilio Vaticano II, apontam que essa participação ativa dos fiéis foi uma das grandes bandeiras firmemente levantadas pelo episcopado brasileiro, por ocasião dos debates nas sessões de aprovação do documento da reforma litúrgica.

 

A permissão do uso da língua vernácula já trazia a possibilidade dessa participação mais ativa e consciente, bem como a renovação dos ritos, das aclamações e dos cantos mais populares. São inúmeros os textos da Sacrosanctum Concilium que falam dessa participação ativa, inclusive com o título em destaque: “PARTICIPAÇÃO ATIVA DOS FIÉIS”, mais de uma vez no documento. O número 48 afirma assim: “Por isso, a Igreja procura, solícita e cuidadosa, que os cristãos não assistam a este mistério de fé como estranhos ou expectadores mudos, mas participem na ação sagrada, consciente, piedosa e ativamente, por meio de uma boa compreensão dos ritos e orações; sejam instruídos na palavra de Deus”. Ou seja: participação da missa consciente, piedosa e ativamente.

Por isso, nós não vamos “assistir” a missa como era a expressão até então, usada antes do concilio, como se a gente fosse a um espetáculo, a um cinema ou a um teatro muito bem montado e ensaiado. Precisamos participar de maneira consciente, mesmo se for no silêncio. Também quem celebra não é somente o sacerdote. Somos todos nós que celebramos. Por isso é incorreto, na motivação inicial da Santa Missa, o animador dizer: “Vamos receber o celebrante”. O padre não é somente ele o celebrante. Todos celebramos. O sacerdote é o celebrante principal ou o presidente da celebração. É correto dizer simplesmente: “Vamos receber a procissão de entrada com o canto tal…”.

Nesse prisma, o número 30 e 31 da SC afirma, tendo como título desses dois artigos – “Participação ativa dos fiéis”, apontam: 30. Para promover a participação ativa, cuide-se de incentivar as aclamações dos fiéis, as respostas, a salmodia, as antífonas, os cânticos, bem como as ações, gestos e atitudes. Seja também observado, a seu tempo, o silêncio sagrado. 31. Na revisão dos livros litúrgicos, procure-se que as rubricas prevejam também as partes dos fiéis.

É relevante ver que os padres conciliares viram aqui que para acontecer essa participação ativa, consciente e plena dos fiéis, tão claramente desejada por eles, há mais de 50 anos atrás, é necessário que haja, em nossas bases paroquiais, uma verdadeira formação cristã e litúrgica. O fiel, por força do batismo, tem direito e dever dessa integração e participação, que a própria natureza da liturgia exige. A Sagrada Liturgia é a primeira e necessária fonte de vivência cristã.  Não nos adentramos num verdadeiro ser cristão se não mergulhamos nessa fonte que é a liturgia. Pois, ninguém ama o que não conhece. Precisamos conhecer a natureza da liturgia.

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.

 

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