A presidente da ACS International: paz e liberdade religiosa estão interligadas

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Regina Lynch, presidente da fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre, reflete sobre o sofrimento dos cristãos no Paquistão, sobre os mais de 5.500 projetos de ajuda implementados e sobre as importantes palavras de Leão XIV sobre a liberdade religiosa, “pedra angular de uma sociedade justa”.

Wojciech Rogacin – Vatican News

Um balanço das atividades da Ajuda à Igreja que Sofre, o relato do sofrimento daqueles que vivem a perseguição religiosa e a esperança que vem do apoio do Papa e da Igreja. Estes são os temas centrais da entrevista da mídia vaticana com Regina Lynch, presidente da ACS, atualmente na Polônia. No passado, a organização ajudou a Igreja durante o regime comunista e, há pelo menos 20 anos, a Igreja polonesa se empenha em apoiar aqueles que sofrem perseguição religiosa no mundo. “Hoje”, sublinha Regina Lynch, “a dimensão do fenômeno é muito maior do que no passado, tanto pela presença de governos mais autoritários quanto pelo desenvolvimento e uso de novas tecnologias. Além disso, em muitas partes do mundo, após o 11 de setembro de 2001, registrou-se um aumento do fenômeno do jihadismo”.

Testemunhos extraordinários dos perseguidos

Enquanto viaja para conhecer a situação no terreno e desenvolver os projetos da fundação pontifícia, Regina Lynch depara-se com testemunhos de profunda fé por parte das comunidades cristãs e católicas que encontra.

“Às vezes”, explica ela, “eles sabem que podem pagar um preço alto, mas permanecem firmes em sua fé”. Ela cita, em particular, os encontros no Paquistão, onde os cristãos são uma minoria e estão entre os mais pobres. “Essas pessoas simples acreditam que Cristo sofreu muito mais do que elas, então seu sofrimento não é nada em comparação”.

De acordo com a presidente da ACS International, a tarefa urgente é divulgar a perseguição religiosa que ainda persiste no mundo. Ela lembra o espanto dos católicos quando lhes contou que foi ao Iraque com o Papa Francisco em 2021, porque pensavam que era um país muçulmano e não que a presença dos cristãos ali era muito antiga. Lynch destaca ainda o papel da oração entre as populações que sofrem perseguições religiosas. “Quando, por exemplo, fui ao norte da Nigéria ou a outras áreas onde ocorreram crimes terríveis, vi como é relevante para as pessoas que vivem lá saber que não estão sozinhas, que muitas pessoas de diferentes partes do mundo rezam por elas. Isso – acrescenta a presidente da ACS –, não as faz sentir abandonadas, mas dá-lhes uma imenso força e oferece esperança de pertencerem ao único Corpo de Cristo. É um grande incentivo”.

Os projetos da ACS

Muito importantes são também as iniciativas da ACS que são financiadas apenas por doações e não provêm de governos ou instituições públicas. Entre os cerca de 5.500 projetos realizados em todo o mundo, destaca-se o apoio à missão evangélica em países pobres, onde não há fundos para a construção de igrejas, seminários ou para a formação de religiosas e catequistas. São apoiados também projetos de aprofundamento das Sagradas Escrituras, projetos educacionais e pastorais. Nos países onde os cristãos são particularmente perseguidos, é oferecida assistência de emergência.



Foto de grupo ao final da audiência à ACS   (@VATICAN MEDIA)

Ajuda na Síria, Iraque, Ucrânia

Desde 2011, a ACS ajuda continuamente a Síria, onde os cristãos que permaneceram vivem na pobreza. Diante dessas situações, fornece abrigo, paga as escolas para as crianças, oferece leite em pó para os recém-nascidos e organiza atividades para as crianças no tempo livre. No Iraque, a ACS apoia a Universidade Católica da Arquidiocese Caldeia de Erbil, financiando bolsas de estudo para jovens cristãos que estudam direito, engenharia, arquitetura e outras áreas. “Na Ucrânia”, acrescentou Lynch, “formamos padres e freiras para que possam acompanhar seus fiéis. Há também muitos padres enviados como capelães para a linha de frente; eles também precisam de ajuda e cuidados pós-traumáticos”.

Petição global pela liberdade religiosa

A organização começou a recolher assinaturas para uma petição global em defesa do artigo 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos sobre a liberdade religiosa. “Isso é muito relevante”, declarou a presidente, “a liberdade religiosa é um direito humano, não um privilégio. Somente quando as pessoas percebem que esse direito deixa de ser reconhecido, elas começam a agir, pois isso diz respeito ao nosso porvir e ao porvir de nossos filhos”. Regina Lynch lembrou então as palavras de Leão XIV sobre a estreita relação entre liberdade religiosa e paz. “Nenhuma paz é possível” – sublinhou o Pontífice na audiência à ACS em 10 de outubro passado -, “onde não há liberdade religiosa ou onde não há liberdade de pensamento e de expressão e respeito pelas opiniões alheias”.

O ícone doado ao Papa Leão XIV

O ícone doado ao Papa Leão XIV   (@VATICAN MEDIA)

O imenso apoio do Papa

A presidente da ACS destacou a grande importância dos constantes apelos de Leão XIV pelo respeito à liberdade religiosa, pela necessidade do colóquio e pela construção de pontes. “Somos muito gratos ao Papa por ter falado sobre isso tantas vezes, porque as pessoas o admiram e mesmo aqueles que não são crentes ou cristãos têm grande respeito por sua figura. Já vimos isso durante o pontificado do Papa Francisco, que apoiou fortemente essa questão. Por isso, ficamos extremamente confortados em ver que o Papa Leão continua nessa linha”. A presidente da ACS expressou sua gratidão pelas palavras de encorajamento dirigidas durante o encontro no Vaticano. Na ocasião, foi doado ao Papa um ícone pintado em Aleppo sobre madeira que pertencia à Catedral maronita, hoje destruída. “Quando entreguei o ícone ao Papa, contando sua história e sua origem, vi que ele estava realmente ouvindo e pude perceber que ele estava emocionado”.

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