Angola – Mensagem da CEAST para os 50 anos de independência

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Os Bispos da CEAST reunidos em conselho permanente alargado de 16 e 17 de julho, em Luanda, emitiram uma mensagem pastoral para a celebração dos 50 anos de independência nacional de Angola. Nela convidam os angolanos a viverem este marco dos 50 anos como um tempo de renovação, em que a memória do sacrifício dos patriotas inspire uma Angola mais justa, unida e sustentável.

Anastácio Sasembele – Luanda 

Angola celebra o jubileu dos 50 anos de independência a 11 de novembro de 2025.

A Mensagem Pastoral da CEAST, dirigida aos “Amados diocesanos, amados compatriotas e todos os homens e mulheres de boa vontade”, saúda a nação pelos 50 anos de independência, convidando à reflexão sobre o seu significado e implicações.

Em nota a CEAST reconhece as “alegrias e esperanças, tristezas e angústias” do povo angolano, assumindo-as como suas.

O documento convida os cidadãos a uma análise profunda do cinquentenário da independência, proclamada a 11 de novembro de 1975. A CEAST sublinha que, embora existam “consideráveis diferenças de sentimentos” em relação à independência, estas são legítimas e representam “expressões diferentes do amor à Mãe Pátria”, que, “se devidamente harmonizadas, são e serão energias indispensáveis para as ingentes tarefas de construção de uma Angola”.

A mensagem da CEAST enquadra os 50 anos de independência como um Jubileu, à luz do livro do Levítico, um momento para “dar graças a Deus” e para uma profunda reflexão. Os bispos recordam as agruras do colonialismo português, caracterizado pela exploração e violação dos direitos humanos, e celebram a liberdade e a autodeterminação alcançadas com a independência.

Contudo, a mensagem não se limita a celebrar. Os bispos fazem um apelo incisivo à mudança e à superação das “sombras e insuficiências” que têm marcado o país ao longo destas cinco décadas. Entre os pontos críticos mencionados, destacam-se:

Pouco apoio à agricultura familiar e deficiente controle das fronteiras, Gestão insustentável dos recursos naturais, com contrabando e purga de minerais, Problemas na saúde e educação, com escândalos como a cólera e saneamento deficiente, Desvio de fundos públicos e expatriação de capitais, revelando falta de patriotismo, Vandalização de bens públicos e desestruturação social, com degradação do sentido de trabalho, Lógica do oportunismo e egocentrismo, resultando em alto custo de vida e descrédito das lideranças, Crescimento desordenado das cidades e ausência de infra-estruturas em muitas zonas, Falta de integridade ética dos líderes e fraco sentido de patriotismo, Conflitos e ódios do passado que persistem, dificultando a reconciliação nacional, Ateísmo ideológico e prático em certas esferas, com a proliferação de grupos religiosos nocivos, Discursos vazios que contrastam com a pobreza extrema da maioria, levando à emigração e criminalidade, Restrições à liberdade de expressão e comunicação social instrumentalizada, Sistema de governação centralizado e assistencialista que sufoca a iniciativa privada, Lógica partidária eleitoralista e priorização do estatuto de militante sobre o de cidadão, Condicionamento dos Chefes de Estado por colaboradores que distorcem a realidade”.

A CEAST também questiona a eficácia de estudos e consultorias, bem como o impacto de influências externas (cubana, russa, norte-americana, chinesa, etc.) que, em alguns casos, se revelam “presentes envenenados”.

A mensagem culmina com um apelo à metamorfose do país, sublinhando a importância de um “coração íntegro, magnânimo e compassivo” para combater a avidez e a confusão, e para construir uma democracia moderna assente no respeito pelos direitos humanos, governo transparente, magistratura independente, comunicação social livre, administração pública honesta e o fim da corrupção.

Acompanhe as recomendações dos Bispos da CEAST na voz do seu Secretário-geral e bispo de Caxito Dom Maurício Agostinho Camuto.

Fonte

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