De acordo com um relatório da ONU, Dubai continua sendo o destino principal do ouro produzido por mineradores artesanais na República Democrática do Congo.
Vatican News
Há quem se pergunte por que uma pessoa deveria trabalhar por 3 euros a hora, ou colher tomates por um euro a caixa, ou como os jovens de Kamituga (Kivu, Congo oriental) cavar minas artesanais com as mãos nuas para achar ouro em pó?
Por não terem outras possibilidades. E entre as opções disponíveis, há uma probabilidade (elevada) de perderem a vida, como aconteceu na sexta-feira, 11 de setembro, a pelo menos 50 jovens, surpreendidos ao verem os túneis que escavavam nas proximidades do rio Elila serem inundados em consequência das fortes chuvas que caíam na região.
O governador da província lamentou “a trágica morte de cinquenta pessoas, na sua maioria jovens”, acrescentando que estão em andamento buscas para identificar as vítimas.
“Não sabemos o número exato de mortos”, disse o prefeito Alexandre Bundya, que convocou dois dias de luto nacional e instou a população a ir ao local da tragédia para ajudar na busca “e na retirada dos corpos dos túneis”.
De acordo com algumas testemunhas, há apenas um sobrevivente. O transbordamento do rio introduziu água nos túneis de mineração, criando uma pressão de cima que impedia a saída dos escavadores (creuseurs).
Para o pastor Nicolas Kyalangalilwa, “as autoridades devem assumir suas responsabilidades, ao invés de pensar em como taxar os mineiros”.
Os comerciantes locais revendem o produto da mão de obra mal paga dos mineiros artesanais aos traficantes transfronteiriços, que por sua vez exportam ilegalmente esta produção principalmente para Bujumbura, Burundi ou Kampala, Uganda, onde o ouro é vendido a preços elevados para as monarquias do Golfo ou para a Europa.
De acordo com um relatório da ONU, Dubai continua sendo o destino principal do ouro produzido por mineradores artesanais na República Democrática do Congo (FF/LM – Agência Fides)