Seminaristas de várias partes do mundo acolheram o Pontífice cantando em coro “Papa Leone”. A eles, o Santo Padre advertiu para o perigo do narcisismo, da superficialidade, da hipocrisia e da sede de poder. E aconselhou dois caminhos: a oração e o discernimento, para que se assemelhem sempre mais a Cristo.
Bianca Fraccalvieri – Vatican News
Não só peregrinos, mas testemunhas de esperança: o Papa se reuniu com milhares de seminaristas na Basílica de São Pedro presentes em Roma para o seu Jubileu, juntamente com seus formadores.
A eles, Leão XIV fez uma meditação, na qual agradeceu por terem dito seu “sim”, com humildade e coragem, a essa aventura fascinante da vocação sacerdotal num tempo não fácil: “Obrigado, porque com essa energia vocês alimentam a chama da esperança na vida da Igreja!”.
Jesus, afirmou, chama os seminaristas a viverem uma experiência de amizade com Ele, uma experiência destinada a crescer de modo permanente mesmo depois da ordenação, de modo que se tornem pessoas e sacerdotes felizes, pontes e não obstáculos para os outros ao encontro com Cristo. Nesta caminhada, é relevante dirigir toda a atenção para o centro, isto é, o coração.
Que os seminaristas tenham “perfume de Evangelho”
Para isso, acrescentou o Pontífice, é preciso trabalhar a própria interioridade, onde Deus faz ouvir a sua voz e de onde saem as decisões mais profundas. É um local de tensões e lutas, que devem ser convertidas para que toda a humanidade dos candidatos ao sacerdócio “perfume de Evangelho”. Cuidando das feridas do próprio coração, os seminaristas aprenderão a estar ao lado de quem sofre. “Sem a vida interior não é possível nem mesmo a vida espiritual, porque Deus nos fala exatamente ali, no coração.”
Aprendendo a conhecer o próprio coração, acrescentou, não será necessário usar máscaras, bastará seguir o caminho da oração, que conduz à interioridade. “Num período onde estamos hiperconectados, se torna sempre mais difícil fazer a experiência do silêncio e da solidão. Sem o encontro com Ele, não conseguimos nem mesmo conhecer verdadeiramente a nós mesmos.”
O convite de Leão XIV é invocar com assiduidade o Espírito Santo, para que plasme um coração dócil, capaz de colher a presença de Deus ouvindo também as vozes da natureza, da arte e da cultura e, com elas, os desafios do tempo atual, como a inteligência artificial e as redes sociais. De modo especial, como fazia Jesus, saber ouvir o clamor dos pobres e oprimidos e dos jovens que buscam um sentido para a própria vida.
Gratidão e generosidade para combater a sede de poder
Além de cuidar do coração, os seminaristas devem aprender também a arte do discernimento. E o Papa pediu que não sejam superficiais, questionando: o que estou vivendo me ensina? Para onde o Senhor está me guiando?
“Caríssimos, tenham um coração manso e humilde como o de Jesus. A exemplo do apóstolo Paulo, vocês possam assumir os sentimentos de Cristo, para progredir na maturidade humana, sobretudo afetiva e relacional. É relevante, ou melhor, necessário, desde o seminário, investir no amadurecimento humano, rejeitando todo disfarce e hipocrisia. Mantendo o olhar fixo em Jesus, é preciso aprender a dar nome e voz também à tristeza, ao medo, à angústia, à indignação, levando tudo para a relação com Deus. As crises, os limites, as fragilidades não devem ser escondidos, são antes ocasiões de graça e de experiência pascal.”
Em um mundo onde muitas vezes há ingratidão e sede de poder, disse ainda o Papa, onde por vezes parece prevalecer a lógica do desperdício, os seminaristas são chamados a testemunhar a gratidão e a generosidade de Cristo, a exultância e a felicidade, a ternura e a misericórdia do seu Coração; a praticar o estilo de acolhida e proximidade, de serviço generoso e desinteressado.
Leão XIV concluiu fazendo votos de que os seminaristas percorram esse caminho sem especulações, sem nunca se acomodar sendo apenas receptores passivos, mas que se apaixonem pela vida sacerdotal, vivendo o presente e olhando para o porvir com um coração profético. Pediu ainda que o próprio coração se assemelhe sempre mais aos sentimentos do Coração de Cristo: “Aquele Coração que pulsa de amor por vocês e pela humanidade. Bom caminho!”