O Santuário de Aparecida acolheu mais uma vez a tradicional romaria da Arquidiocese do Rio de Janeiro no último sábado (28). O cardeal Orani João Tempesta presidiu uma missa, com número reduzido de fiéis e transmitida em modalidade on-line. O arcebispo do Rio, ao demonstrar felicidade ao retornar à lar da Mãe numa tradição centenária, afirmou: “em tempos de tantas dores que muitas vezes rasgam os nossos corações, pedimos a Deus a intercessão de Nossa Senhora, que já foi encontrada quebrada em dois pedaços. Depois, foi quebrada em centenas de pedaços. Mas, sempre reconstruída, recolocada, sendo um sinal de que podemos reconstruir e recomeçar”.
Carlos Moioli – Arquidiocese do Rio de Janeiro
Tradicionalmente, a Arquidiocese do Rio de Janeiro percorre 258 km, em romaria, para chegar ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida. Em tempos tão difíceis, em que o distanciamento se faz necessário, nada melhor do que o conforto e o abraço acolhedor da Mãe de Jesus para fortificar a caminhada dos romeiros cariocas.
Por conta da pandemia, a romaria – que sempre acontece no último sábado do mês de agosto – foi realizada no dia 28 de novembro, último sábado do ano litúrgico. Houve apenas uma missa, às 9h, presidida pelo arcebispo do Rio, cardeal Orani João Tempesta, e concelebrada pelos bispos auxiliares, demais sacerdotes e diáconos. Para evitar aglomerações, o número de fiéis também foi reduzido. Entretanto, quem não teva a oportunidade de estar fisicamente, pôde acompanhar em modalidade on-line. Além disso, a oração do Terço Mariano, que acontece antes da missa, na Tribuna Papa Bento XVI, e a Via-Sacra, realizada após a missa, no Morro do Cruzeiro, foram canceladas.
O retorno à lar da Mãe
Logo no início da celebração eucarística, o cardeal Orani expressou a felicidade em retornar ao santuário:
O cardeal explicou que a data para a romaria foi uma Providência Divina uma vez que, tradicionalmente, a Arquidiocese do Rio celebra, sempre no último sábado do ano litúrgico, a Festa da Unidade que, neste ano, chega à oitava edição. “Hoje também é o dia em que estaríamos todos juntos na Catedral, com o anseio de rezar por nossa comunhão, que deve nos fazer cada vez mais irmãos e irmãs. Por Providência Divina, esses dois momentos ocorrem agora, quando encerramos um ano litúrgico e olhamos com esperança para o tempo de esperança: o Advento. Assim, colocamo-nos aos pés da Mãe Aparecida, pedindo a Deus para que Ele nos ajude e nos dê forças para, dessa forma, buscarmos a comunhão entre nós, mesmo com a diversidade de ideias e opiniões, para que na mesma fé e no mesmo batismo, possamos caminhar na mesma unidade”, ressaltou.
Na homilia, Dom Orani reforçou o desejo de Cristo para que todos se tornem membros da família do Senhor, à exemplo da Virgem Maria. “A Palavra nos fala o que Maria fez e é: fez a vontade do Pai e é um sinal, um exemplo de como podemos nos tornar família do Senhor. Jesus quer que sejamos a Sua família para, como Maria, fazermos a vontade do Pai. Neste dia, somos chamados a sermos, cada vez mais, pertencentes, não apenas porque fomos batizados, mas sendo aqueles que se colocam abertos ao Senhor, na vivencia do batismo, da fé e da comunhão. A vontade do Pai é de que sejamos santos. Queremos pedir à Mãe para que nos ensine, sempre mais, a sermos como família, que tem Cristo no centro”, destacou.
A intercessão da Virgem Maria para recomeçar
O arcebispo também reforçou a necessidade de todo cristão contribuir para que, dessa forma, a sociedade possa ser transformada e ser mais fraterna. Ele também frisou que a romaria é uma oportunidade para a conversão e busca pela comunhão. “Viemos aqui também para buscarmos uma vida de conversão, que nos leva à uma vida de comunhão. Sentimos na pele e na carne quando a unidade é quebrada e quando, ao invés de caminharmos na convergência, acontece a divergência. Por isso, pedimos perdão ao Senhor, porque, nem sempre, vivemos essa comunhão. É muito bonito ver a ação do Espírito Santo no coração das pessoas que se abrem e vivem a busca pela comunhão com sinceridade. Que possamos fazer muito mais para, dessa forma, transformarmos nossa sociedade”, pontuou. Por fim, dom Orani afirmou:
A consagração a Nossa Senhora Aparecida
No final da celebração, houve a consagração da Arquidiocese do Rio de Janeiro a Nossa Senhora Aparecida, cuja imagem peregrina foi carregada pelo monsenhor Robert Jósef Chrzaszcz, recentemente nomeado pelo Papa Francisco como bispo auxiliar da Arquidiocese de Cracóvia, na Polônia e que, por esse motivo, se despede das funções sacerdotais na Arquidiocese do Rio.