Em Chambery, a missa foi presidida pelo núncio apostólico Migliore. O arcebispo da cidade francesa, capital da Sabóia, falou sobre a fé e a humildade do sacerdote elevado às honras dos altares: “A santidade é acessível a todos, consiste em deixar Deus agir em nós e através de nós”. Em seguida, convidou a todos a cuidar, como fez o novo beato, da nossa humanidade “do início ao fim”.
Antonella Palermo – Vatican News
“A santidade é acessível a todos”. Assim se expressou dom Thibault Verny, arcebispo de Chambery, na missa de beatificação – celebrada na cidade francesa, capital da Sabóia, na tarde deste sábado, 17 de maio – do venerável servo de Deus Camillo Costa de Beauregard, sacerdote diocesano que viveu na segunda metade do século XIX e no início do século XX. Em representação do Papa Leão XIV, o núncio Celestino Migliore presidiu a cerimônia.
Em uma sociedade que valoriza a força, redescobrir o humilde serviço
Na homilia do bispo que comentou o Evangelho de Marcos sobre o anúncio do calvário de Jesus e sua ressurreição, a ênfase foi colocada no ensinamento aos discípulos em que o Filho de Deus se identifica com uma criança “que na época era considerada insignificante”. Mas as palavras “o que se faz aos pequenos, faz-se a ele”, explicou Verny, invertem a escala de valores do nosso mundo. “Numa sociedade que valoriza a força e o sucesso, Jesus nos convida a descobrir sua presença nos mais pequenos. O caminho para a verdadeira grandeza passa pelo serviço humilde”. Foi nessa passagem que se manifestou o chamado de Camille Costa de Beauregard, profundamente marcado pela figura de Cristo. Diante das crianças órfãs devido à epidemia de cólera, Camille reconheceu nelas o rosto de Jesus: “Ele não guardou para si o tesouro da sua fé, mas o compartilhou de forma desinteressada. Sua vida tornou-se um Evangelho vivo, uma manifestação do amor de Jesus pelos últimos”, sublinhou o bispo de Chambéry.
A santidade não é coisa de extraterrestres, é fidelidade ao Evangelho
“No entanto, Camille não era um extraterrestre”, observou o arcebispo. Educador paciente, mas também obstinado, ele se deixava tocar pelas pequenas coisas do dia a dia, atento àquela vulnerabilidade em que se revela a onipotência divina. Sua santidade, observou ainda dom Verny, não foi fruto de esforços sobre-humanos, mas da fidelidade cotidiana ao Evangelho. “Camille nos mostra que a santidade é acessível a todos, que consiste em deixar Deus agir em nós e através de nós”. O prelado lembrou ainda que, através da cura milagrosa de uma criança que estava prestes a perder a visão, o novo beato mostrou ‘a urgência de dar aos jovens uma visão do porvir e da esperança, desde que se cuide deles olhando-os com os olhos de Jesus’. Seguindo os passos de Camilo, o convite que foi sugerido é para não desprezarmos nossa humanidade, mas, precisamente, para cuidarmos dela “do início ao fim”. Este é o caminho para um discipulado autêntico. O Evangelho não é um conto de fadas, foi precisado várias vezes na homilia, mas é um texto a ser considerado “realidade que transforma nossa vida”.