O Dicastério para o colóquio Inter-religioso enviou uma mensagem aos budistas por ocasião da festa do Vesak, destacando o compromisso comum de promover “ações concretas pela paz, justiça e dignidade para todos”.
Mariangela Jaguraba – Vatican News
“Budistas e cristãos em colóquio de libertação para o nosso tempo” é o título da mensagem enviada, nesta segunda-feira (12/05), pelo Dicastério para o colóquio Inter-religioso aos budistas do mundo inteiro por ocasião da festa budista do Vesak, que comemora o nascimento, a iluminação e a morte de Buda, e que tem um profundo significado espiritual para os budistas.
“Este ano, nossos votos de felicitações são ainda mais enriquecidos pelo espírito do Jubileu, que para nós, católicos, é um tempo de graça, reconciliação e renovação espiritual”, ressalta o texto.
A mensagem recorda a Nostra Aetate, a inovadora Declaração do Concílio Vaticano II sobre a relação da Igreja com as Religiões Não Cristãs, cujo sexagésimo aniversário celebramos este ano.
“Desde a sua promulgação, em 1965, a Nostra Aetate tornou mais profundo o nosso compromisso com os seguidores de outras tradições religiosas. Inspirados pela sua visão, afirmamos mais uma vez que «a Igreja católica nada rejeita do que nessas religiões existe de verdadeiro e santo. Olha com sincero respeito esses modos de agir e viver, esses preceitos e doutrinas que, embora se afastem em muitos pontos daqueles que ela própria segue e propõe, todavia, refletem não raramente um raio da verdade que ilumina todos os homens»”, ressalta o texto.
O Dicastério para o colóquio Inter-religioso ressalta que «No budismo, segundo as suas várias formas, reconhece-se a radical insuficiência deste mundo mutável, e propõe-se o caminho pelo qual os homens, com espírito devoto e confiante, possam alcançar o estado de libertação perfeita ou atingir, pelos próprios esforços ou ajudados do alto a suprema iluminação».
Segundo a mensagem, “o caminho budista para a libertação envolve a superação da ignorância, do desejo e do sofrimento por meio da intuição, da conduta ética e da disciplina mental. A viagem para o Nirvana, a libertação definitiva do ciclo de nascimento, morte e renascimento, destaca o poder transformador da sabedoria e da compaixão”.
Segundo o texto, “esse desejo pela verdadeira libertação ressoa profundamente em nossa busca compartilhada pela verdade e pela plenitude da vida, e se alinha aos ensinamentos de nossas respectivas tradições”. “Em nosso tempo, marcado pela divisão, pelo conflito e pelo sofrimento, reconhecemos a necessidade urgente de um colóquio libertador, que não se limite a palavras, mas seja capaz de traduzi-las em ações concretas pela paz, pela justiça e pela dignidade de todos”, recorda a mensagem do Dicastério para o colóquio Inter-religioso.
O organismo vaticano recorda que “assim como na época da Nostra Aetate, nosso mundo atual é assolado pela tirania, pelo conflito e pela incerteza quanto ao porvir. No entanto, permanecemos convencidos da profunda capacidade das religiões de oferecer respostas significativas aos «enigmas da condição humana». O colóquio que se estabelece entre nós serve para comunicar os tesouros de nossas tradições religiosas e para nos inspirar em sua sabedoria para enfrentar os desafios prementes de nosso tempo”.
O anseio pela fraternidade e pelo colóquio autêntico, tão eloquentemente expresso na Nostra Aetate, nos impele a lutar pela unidade e pelo amor entre todos os povos e nações, convidando-nos a construir em nossos pontos em comum, a valorizar nossas diferenças e a extrair enriquecimento recíproco de nossas diversas tradições.
Recordando o Documento sobre a Fraternidade Humana para a Paz Mundial e a Convivência Comum, de Abu Dhabi, a mensagem do Dicastério para o colóquio Inter-religioso convida “a abraçar a cultura do colóquio como o caminho a seguir, com a “cooperação recíproca como código de conduta [e] a compreensão mútua como método e critério”. Por fim, espera-se que, por meio do colóquio, “nossas respectivas tradições possam oferecer respostas dignas aos desafios do nosso tempo”.