Cabo Verde e Guiné-Bissau celebraram o Dia dos Heróis Nacionais

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Ontem, 20 de janeiro, foi Dia dos Heróis Nacionais em Cabo Verde e na Guiné-Bissau. Os Presidentes dos dois países, respetivamente, José Maria Neves e Umaro Sissoco Embaló, prestaram homenagem ao líder do PAIGC, Partido Africano para a Independência da Guiné e de Cabo Verde, Amílcar Cabral, assassinado em Conacri, a mando de desconhecidos, a 20 de janeiro de 1973.

Dulce Araújo – Vatican News

Na ocasião, José Maria Neves, o Presidente da República de Cabo Verde, que depositou uma coroa de flores brancas em frente do Monumento a Amílcar Cabral, na cidade da Praia, alertou para o surgimento de grupos que fomentam “o caos e a polarização” no país, favorecendo o extremismo e o populismo, e apelou à serenidade e colóquio para construir um país “unidos e próspero” – refere a Inforpress. Segundo a Agência cabo-verdiana de notícias, o Presidente da República disse ainda que 20 de janeiro é o dia de prestar homenagem a Amílcar Cabral e a todos os heróis nacionais, figuras que marcaram momentos decisivos da história do país, e que devem ser lembrados como “fonte de inspiração para as gerações futuras” e que o mais relevante nesse dia é apelar todos “à construção de um país próspero, de um país com dignidade para todas e todos”.

Também na Guiné-Bissau, o Presidente, Umaro Cissoco Embaló, esteve na Fortaleza de Amura, em Bissau, onde se encontra o Mausoléu de Amílcar Cabral, prestando-lhe homenagem. Ele referiu-se, na ocasião, ao líder da independência do país, como um digno filho da Guiné e de Cabo Verde, da África.

Amílcar Cabral

Amílcar Cabral

Das entrevistas feitas no dia a vários cidadãos pela Inforpress, destacamos as palavras de Eddy Kendel, para o qual deveria haver mais atividades para comemorar o 20 de janeiro, por forma a facilitar o conhecimento do trajeto cultural e histórico de Cabo Verde, particularmente às crianças.

Já Maria Semedo considerou que o 20 de janeiro é um dia de festa em que se deve comemorar e honrar os heróis nacionais, pois, disse, “hoje temos um país livre e democrático, graças a Amílcar Cabral e a todos os outros combatentes”.

De entre as atividades que marcaram o dia, de salientar, na cidade de Mindelo, a apresentação do livro “Manecas Santos: Uma Biografia da Luta”, da autoria de Rosário Luz. a obra retrata – segundo Rosa de Porcelana Editora – a história de luta de independência de Cabo Verde e da Guiné Bissau, mergulhando nas realidades sociais das duas ex-colónias portuguesas. Explora também as motivações políticas dos combatentes do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).

Ainda conforme a editora, o livro mostra “as particularidades” do combatente da Liberdade da Pátria, Manecas Santos “como indivíduo e participante do processo revolucionário” e destaca-o “como uma figura única nos eventos em que esteve envolvido”.

O livro já foi lançado também na cidade da Praia e em Lisboa.

Capa do livro sobre Manecas Santos

Capa do livro sobre Manecas Santos

E precisamente na capital portuguesa, decorreu de 17 a 20 de janeiro, no espaço Chapitô, a peça teatral “Amílcar Geração” um monólogo do ator Ângelo Torres, em homenagem a Amílcar Cabral. O monólogo evocativo da data da morte de Cabral é da autoria de Guilherme Mendonça.

Em declarações à Inforpress, Ângelo Torres disse que esta peça levanta a curiosidade, o interesse das pessoas na procura de saber quem era Amílcar Cabral, figura de dimensão universal, mas nem sempre devidamente reconhecida entre os seus compatriotas. Santomense, nascido na Guiné Equatorial, precisamente no dia em que Cabral foi assassinado, Ângelo Torres considera que “não mataram um homem, mas uma causa, um ideal e um propósito”. Para ele, Amílcar Cabral era um pacifista que foi obrigado a pegar em armas, depois de muitas tentativas de negociação, porque o seu propósito “era tão grande e maior do que ele”.

O encenador e autor, Guilherme Mendonça, tem-se dedicado em anos recentes à história dos nacionalismos africanos e a peça teatral, “Amílcar Geração”, surge na continuidade desse trabalho. Recordamos que em 2024 assinalou-se o centenário do nascimento de Amílcar Cabral que veio ao mundo, na cidade guineense de Bafatá, de pais cabo-verdianos, a 12 de setembro de 1924.

O Vinil "Legadu: Liberdadi"

O Vinil “Legadu: Liberdadi”

E por estes dias foi lançado em Cabo Verde, um vinil de 7 polegadas intitulado “Legadu: Liberdadi” em memória de Humbertona e Djunga de Biluca, tendo como pano de fundo o pensamento de Amílcar Cabral sobre a ligação entre libertação e cultura – explicou à Rádio Vaticano, Paulo Lobo Linhares da produtora musical, InSulada que, juntamente com o parceiro MatosMusic Production teve a iniciativa.

A luta de libertação é um ato de cultura, dizia Amílcar Cabral, cujo centenário de nascimento, o mundo celebrou em 2024. E porque libertação e cultura eram para ele inseparáveis, encorajava as pessoas a lutarem pela independência de várias formas, inclusive promovendo a cultura. Foi, de facto, o que aconselhou a João Silva, conhecido por Djunga de Biluca, pioneiro da emigração cabo-verdiano na Holanda, compositor, produtor, editor, que acabou por criar a “Morabeza Records” para a promoção da música cabo-verdiana, africana. Djunga faleceu em abril de 2023, ano em que faleceu também o exímio guitarrista, Humberto Bettencourt Santos, (Humbertona). Ambos, como acima referido, são agora homenageados com um disco vinil “Legadu:Liberdadi”, cujas origens foram ilustradas à Rádio Vaticano por Paulo Lobo Linhares:

O vinil que parecia ter sido completamente suplantado pelo CD, está a voltar em força e Paulo Lobo Linhares acredita que “Legadu:Liberdade” destina-se não só a cabo-verdianos, mas também a colecionadores de outras paragens:

Fonte

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