Na ilha do Sal, em Cabo Verde, a 7ª edição do Festival de Literatura Mundo, prossegue alternando visitas a lugares simbólicos da ilha com mesas de reflexão e debates. Uma forma de os participantes conhecerem a ilha e levarem a literatura para fora. Sábado de manhã foram às salinas de Pedra de Lume, património nacional, onde houve um grande recital de poesia e leituras, sob o olhar de turistas que diariamente para ali acedem para banhos salutares nessa espécie de mar morto.
Dulce Araújo, em Cabo Verde
A parte da tarde foi intensa, com momentos científicos, debates e lançamento de livro. Em foco na mesa científica estiveram os percursos feitos pela literatura em Angola e em Moçambique nestes 50 anos de independência e como têm acompanhado e espelhado a evolução do país. Considera-se, de facto que constituem expressões fundamentais das construções históricas, identitárias e políticas desses países. Ambas emergem no contexto colonial como formas de resistência e ganham força no pós-independência ao refletirem os debates da nação, da memória e da reconstrução sociocultural.
Por Angola, não tendo podido estar presente o escritor João Melo, falou a investigadora e curadora científica do Festival, Inocência Mata, enquanto que por Moçambique foi a estudiosa, Ana Mafalda Leite, a ilustrar esse rico e variado trajeto em que, a figuras da fase da utopia e das causas da libertação se passou a encarar os atropelos das independências e a construção de novas esperanças no porvir, alimentadas pelas novas vozes literárias de que ambos os países são ricos e prometedores.
A essa mesa científica, seguiu-se o debate sobre “Escrever, Ler e Transcender Fronteiras”, com os escritores cabo-verdianos, Jorge Carlos Fonseca, Joaquim Arena, Dina Salústio e o escritor brasileiro, Luiz Ruffato. Falou-se da influência dos social media na literatura, se os jovens leem ou não, o que leem, a circulação das literaturas na CPLP, entre outros aspetos.
A tarde concluiu-se com o lançamento do livro “O arquipélago das amnésias” da autoria do escritor, ensaísta e antigo Ministro de várias pastas, Jorge Tolentino. Um livro em que aborda vários assuntos, desde a diplomacia, à literatura e deixa a mensagem DE que seria bom neste cinquentenário da independência não se deixar levar pela amnésia e recordar, com um profundo agradecimento, aqueles que lutaram para que essa independência se concretizasse.
Neste domingo, último dia do Festival, os participantes vão dar uma volta à ilha e à tarde, segue-se o esquema de mesas científicas, debates, e cerimónia de encerramento.