Características da Leitura Popular da Bíblia – 2ª parte

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Antes de o povo ter um contato mais vivencial com a Palavra de Deus, para muitos, sobretudo na Igreja Católica, a Bíblia ficava distante. Era o livro dos padres, do clero. Mas, graças a Deus, agora ela está nas mãos dos fiéis. O que era misterioso e inacessível começou a fazer parte da vida quotidiana dos pobres. E, junto com a sua Palavra, o próprio Deus chegou perto. É difícil para um de nós avaliar a experiência de novidade e de gratuidade que tudo isto representa para os pobres.

Assim, aos poucos, foi surgindo nova maneira de se olhar a Bíblia e a sua interpretação. A Bíblia já não é vista como um livro estranho, que pertence ao clero, mas como nosso livro, escrito para nós que tocamos o fim dos tempos. Às vezes, para alguns, ela chega a ser o primeiro instrumento para uma análise mais crítica da realidade atual. Por exemplo: a respeito de uma empresa mineradora opressora do povo, o pessoal da comunidade dizia: “É o Golias que temos que enfrentar!”

Está em andamento uma descoberta progressiva de que a Palavra de Deus não está apenas na Bíblia, mas também na Vida, e de que o objetivo principal da leitura da Bíblia não é interpretar a Bíblia, mas interpretar a vida com a ajuda da Bíblia. Descobre-se que Deus nos fala através dos fatos. Isto gera um entusiasmo muito grande. Não é tanto por causa das coisas novas que as pessoas descobrem na Bíblia, mas muito mais por causa da confirmação que recebem de que a caminhada que estão fazendo é uma caminhada bíblica e, assim, nelas se renova a esperança. A Bíblia ajuda a descobrir que a Palavra de Deus, antes de ser lida na Bíblia, já existia na Vida. Descobre-se que, na verdade, Deus está neste lugar e não se sabia.

A Bíblia entra por outra porta na vida do povo: não pela porta da imposição autoritária, mas pela porta da experiência pessoal e comunitária. Ela se faz presente não como um livro que impõe uma doutrina de cima para baixo, mas como uma Boa Nova que revela a presença libertadora e salvadora de Deus na vida e na luta do povo. Os que participam dos grupos bíblicos, eles mesmos se encarregam de divulgar esta Boa Notícia e atraem outras pessoas para participar. Por isso, ninguém sabe quantos grupos bíblicos existem. Só Deus mesmo!

(2ª Parte do Artigo de Dom Félix sobre a Leitura Popular da Bíblia)

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