“Os mártires da pátria não derramaram seu sangue para fazer desta terra uma vitrine da pobreza. Eles foram sementes de prosperidade, sementes de paz”. Palavras do cardeal Charles Maung Bo, na missa de comemoração no 73º Dia Mundial dos Mártires da independência birmanesa.
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O Cardeal Charles Maung Bo, Arcebispo de Yangon, em sua homilia no domingo, 19 de julho, convidou os mianmarenses a semear paz, prosperidade, amor e esperança na nação, já que o país dilacerado pelo conflito continua sendo um dos mais pobres do sudeste asiático. Na ocasião comemorava-se o 73º Dia dos Mártires, recordando os heróis da independência birmanesa que foram assassinados em 19 de julho de 1947, um ano antes de Mianmar conquistar a independência da Grã-Bretanha.
“O sonho de um Mianmar pacífico e próspero”
“Naquele dia não foram apenas os líderes que morreram. Naquele dia morreu também o sonho de um Mianmar pacífico e próspero”, disse o cardeal durante a missa. De fato, as sementes de ódio e violência lançadas naquele dia continuam a sangrar a nação, perpetuando guerras, pondo em perigo a vida de milhões de pessoas: refugiados, deslocados internos e trabalhadores migrantes.
Os heróis são sementes de paz e prosperidade
Algumas pessoas más, como na parábola”, explicou o prelado, “vieram à noite, semearam a pobreza e se transformaram em uma floresta”. Agora somos um dos países mais pobres do sudeste asiático”. Mas os pais fundadores, incluindo o General Aung San”, ele continuou, “não derramaram seu sangue para fazer desta terra “uma vitrine da pobreza”. Eles se deram como sementes de trigo, sementes de prosperidade, sementes de paz para esta terra. “A democracia é uma semente que cresce lentamente, as liberdades e direitos crescem lentamente”, explicou Dom Bo. “Chegou a hora de identificar as ervas daninhas e arrancá-las e queimá-las na fornalha da história. Plantemos a semente da paz e da prosperidade para que nasça um novo Mianmar de esperança e amor”.
Nove mártires de Yangon
O Dia dos Mártires foi comemorado por milhares de pessoas em todo o país, embora o evento tenha sido discreto devido à pandemia da Covid-19. As pessoas se curvaram em silêncio por 90 segundos quando o relógio se aproximava das 10h37, hora em que os nove mártires foram mortos em Yangon, presumivelmente pelos paramilitares armados do ex-Primeiro Ministro U Saw. Buzinas e sirenes soaram para recordar a tragédia. No Mausoléu dos Mártires de Yangon, a cerimônia foi realizada na presença de um número limitado de funcionários do governo e parentes dos líderes mortos, em conformidade com as regras de distanciamento social impostas pelo Ministério da Saúde e Esportes.
Vatican News Service – AP/JN